quarta-feira, janeiro 07, 2009

Outros percursos de vida: ABLinhan (2)

(continuação - 2ª parte)

Quando passei a disponibilidade -1973 e ja casado- porque a m/mulher tinha aqui familia, vim para Londres com o intuito de conhecer algo diferente (na altura muito diferente) e melhorar o meu ingles. Trabalhei como porteiro (residente) num predio. Em Agosto/74, entusiasmado com o que tinha acontecido em Abril, voltei a Portugal. Entusiasmado, repito.

Porque tinha alguns contactos no movimento sindical e porque queria ajudar a Revolucao - aqueles ideais ligados ao 25 de Abril, dos quais muito poucos foram alcancados - comecei por trabalhar no Sindicato do Trab. de Escritorio de Lx. Primeiro na Informacao, mais tarde no apoio a Delegados Sind.. Pouco tempo depois passei para a Uniao dos Sind. de Lx, onde fui adjunto da Direccao.

Como devem calcular este foi um periodo quente, confuso e interessante, o qual me motivou. Das poucas vezes que me senti realmente motivado (navegava-se por mares nunca dantes navegado - ou la perto…).

Contudo esta motivacao, por vezes cruzou-se com um certo desanimo por constactar que o processo nao avancava como idealizara ou, em alguns casos, estava a ser mal conduzido. Olhando par traz, acredito que tudo aquilo ate foi normal, se tivermos em conta a falta de formacao civica, sindical e politica, da maior parte da populacao. Incluo aqui os que, como eu, sonhavam…

Entretanto Aristides Van-Dunan, o qual trabalhou com a m/mulher na Secil (Luanda) e que era em 1976 dirigente sindical na Cent. Sind. de Angola, convidou-nos para voltarmos a Luanda. A m/mulher que trabalhava no Depart. Internacional da Intersindical, iria para a Cent. Sind. de Angola. Eu iria para a Petrogal (creio ser este o nome da Comp. de Petroleos).

Estava planeado que iriamos em meados de 77 e, como tal, decidimos voltar a Londres em Fev.77, para estar algum tempo com a familia da m/mulher,

Entretanto as coisas em Angola, como sabem, complicaram-se. O Aristides foi preso, e quem estava ao corrente do que se passava em Luanda, dizia que o melhor seria nao ir. Com o passar do tempo concluimos que, muito provavelmente, fizemos bem em nao ter ido, principalmente porque nessa altura tinhamos uma filha com menos de 2 anos.

Consequencia disto : estavamos em Londres e sabiamos que voltar para Portugal em 77 (o ambiente ainda estava muito quente…) tendo, no passado recente, trabalhado no mov. sindical, nao nos iria dar qualquer oportunidade de conseguir um emprego fora dos sindicatos. E como sentiamos que nao deveriamos voltar para estes, pouco depois de ter pedido a demissao, nao nos restava outra alternativa senao ficar por aqui na esperanca de que, duma forma ,ou doutra, nos iriamos desenrascar. Passados 32 anos, essa esperanca mantem-se viva .

Claro, depois de ver que o Mourinho conseguiu isto num espaco de tempo muito curto, sinto-me frustrado. Tal como o Santana Lopes se sentiu, no dia em que abandonou a muito falada entrevista que foi interrompida. Penso eu …

Na altura Portugal ainda nao estava no Mercado Comum e, portanto, as hipoteses de conseguirmos um trabalho de acordo com as nossas habilitacoes, eram nulas. As leis daqui impediam que tal acontecesse. E, na parte que me tocava, os conhecimentos da lingua inglesa, tambem nao ajudava.

Mas antes de indicar o que por aqui temos feito, acrescentarei que, recordando a experiencia sindical, o que talvez mais me marcou, foi o facto de me ter apercebido que as posicoes da grande parte dos sindicalistas e do patronato, em muitos casos, se aproximavam de extremos inaceitaveis. Excessos proprios de uma revolucao, segundo consta nos livros.

Uns queriam conquistar depressa demais - o Gen. Costa Gomes referenciou isto- o que lhes tinha sido, injustamente, recusado. Os outros queriam, a todo o custo, manter os previlegios imerecidos. Pelo meio, creio, a maioria andava baralhada, sem saber quem seguir.

(Fim da 2ª parte - continua)

Sem comentários: