sexta-feira, agosto 21, 2009

O Senhor Orlando

Certamente que a maioria dos elementos CR -com o mal necessário e indispensável que são as próteses dentárias-, passou pelas mãos do Sr. Orlando, quer no HM, quer no seu laboratório no coração do Bairro Alto. Que nenhuma confusão se estabeleça com o Orlando de S.Vicente, Cabo Verde!
Judeu, preso em criança num campo de concentração e salvo miraculosamente por de entre um grupo de crianças ter sido seleccionado para trabalhar nos serviços dentários, foi nesse campo que conheceu a sua mulher (falecida recentemente, dum Alzheimer prolongado que revivia nos primórdios da doença aspectos da vida em Dachau e o convidava a meio da noite para tocar piano, como antigamente faziam, dando ideia aos nazis de despreocupação e naturalidade). Tendo, depois de libertado, corrido vários países do mundo, com estadas limitadas pela duração máxima dos vistos que lhe foram concedidos, sempre aperfeiçoando a "arte" da ortodôncia, recolheu-se a Portugal a título definitivo, olhando, ainda hoje, reconhecidíssimo o País. Com um carinho muito especial e sentido pela terra que o acolheu, ausente de pessimismos e invejas mas capaz de críticas construtivas, com orgulho mostra aos que o visitam que, sobretudo em terras pequenas, as pessoas ainda se cumprimentam -mesmo aos desconhecidos- e que amiúde oferecem a um visitante uma bebida sem esperarem contrapartidas.
Figura de referência em duas manhãs da semana nas consultas do Serviço de Estomatologia, daqui lhe subscrevo a minha homenagem pessoal, exaltando o seu positivismo, cultura, pontualidade e rigor profissional. Bem haja Senhor Orlando e que conte assim muito anos.

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