18SET Carlos Bonina Moreno (1945)
25SET Ramiro Medeiros de Sousa (1944)
25SET José Manuel Correia Graça (1943)
28SET Francisco Ferreira Neto (1944)A todos os nossos parabéns.
18SET Carlos Bonina Moreno (1945)
25SET Ramiro Medeiros de Sousa (1944)
25SET José Manuel Correia Graça (1943)
28SET Francisco Ferreira Neto (1944)Dia 31 de Agosto de 1965, terça-feira
E eis-nos, manhã cedo, a demandar o 047 da trilogia Gibalta-Esteiro-Mama. Cerca das 09h30 foi tirada a foto da futura Ponte Salazar, que revejo amiúde sempre com novas reminiscências, que segue com este texto. Mal sabia eu, nessa altura, que menos de um ano após iria “levar” com quase 4 horas de inauguração, o que, mesmo assim, não me conferiu qualquer desconto no atravessamento, o que acho uma injustiça.
Às 10h20, fundeámos no QNG, tendo recebido a bordo os oficiais do Estado-Maior da Armada e do Comando Naval do Continente, entre outros.
A meio da tarde suspendemos, rumo à BNL, onde atracámos por BB, ao Sto. André, pelas 17h20m, pondo assim ponto final no Embarque que se sucedeu ao 4º período escolar do Curso Miguel Corte Real.
THE END
Colaboração do FSLourenço
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Dias 26 a 30 de Agosto de 1965, quinta a segunda-feira
Após uma noite calma, sempre com luzes da costa à vista, fundeámos finalmente em Leixões às 10h33m, aguardando oportunidade de ir para o cais, o que aconteceu às 13h45m, tendo atracado por BB na Doca nº 2.
À espera, para além, naturalmente, das autoridades locais de Marinha, bastantes familiares e amigos, principalmente do pessoal oriundo do norte do país.
Deste período não retive elementos de relevo: fiquei de serviço no primeiro dia (tendo tido o último desencontro da viagem com o ct MP) e os restantes ocupei-os maioritariamente com a família. Ainda assim, registo para uma ida às Caves Ferreirinha (o que foi motivo, em post publicado, aqui atrasado, neste blogue, de torpes insinuações quanto às minhas intenções relativamente à funcionária que, muito profissionalmente, nos servia aquele precioso néctar). Também houve uma ida à Granja, parece terem ocorrido episódios curiosos, esperemos que alguém ainda tenha lembrança desses tempos; por fim, uma representação CR foi até à Póvoa, onde terá exibido os bronzeados corpos na piscina, antes do oferecido(?) almoço.
Lamentavelmente e ficando a constituir uma nódoa imperdoável no planeamento desta escala, não se efectuou a fundamental visita ao Estádio das Antas.
No dia 30, largámos às 10h30m, rumo a Lisboa, para o que seria a última tirada desta inesquecível e marcante viagem de instrução. A meio da tarde, avistámos o Cabo Mondego, à noite o Cabo Carvoeiro e as Berlengas, sempre com vento bonançoso do quadrante Norte.
Colaboração do FSLourenço
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Dias 21 a 25 de Agosto de 1965, sábado a quarta-feira
Este período constitui, para mim, um assinalável mistério, quiçá impossível de algum dia vir a ser esclarecido. E porquê, perguntam os meus (2, o VB e o SP) leitores? Tão simplesmente porque, ao contrário da imagem que retive desse tempo e das notas que tirei, devemos ter sido vítimas de um violento temporal, talvez mesmo um ciclone, visto que, consultando o Diário Náutico desses dias tormentosos, não há praticamente nenhum quarto que não tenha registada a quebra de inúmera louça (e penso que também uns guardanapos, tal era o sudoeste); a propósito, deixo aqui um enigma, apelando à vossa argúcia.
Primeiro, transcrevo o “Aditamento ao quarto das 20h00m às 24h00m”:
“Ao transitar nos exteriores do navio, devido ao balanço, escorregou, tendo deixado cair ao mar, sem culpabilidade, o seguinte material que transportava, a praça seguinte: …./2º N….:
a) Da 1ª Câmara:
Colheres para doce…..2(duas)
Colheres para chá……..1(uma)
b) Da 2ª Câmara:
Colheres para sopa……3(três)
Colheres para café…….3(três)
Garfos para mesa………3(três)”
Então a proposta é a de que tentem descobrir duas coisas: primeira, o que é que o 2º N andava a fazer nos exteriores, com aquela palamenta, àquelas horas nocturnas, com aquele temporal? A segunda, onde é que estarão, hoje, aquelas 9 colheres e os 3 garfinhos? Quem acertar, recebe uma série de 15 sessões de Fisioterapia no HM, perdão, no pólo hospitalar da Feira da Ladra (oferta válida só até 31DEC, depois têm que ir à Estrela ou ao Lumiar).
Voltando ao apoio das notas que retive, esta tirada final decorreu com vento sempre ENE/NNE, com a rotina dos quartos, ao leme, aos abastecimentos, aos serviços gerais, à máquina, às comunicações, aos mastros, acho que este aspecto da formação foi conseguido. Também durante este período apitou a saltar na embarcação, mais do que uma vez por dia, o que ajudava a passar o tempo.
No dia 22, o tempo piorou, o vento aumentou, alguns enjoaram, entre eles (quem diria) um futuro comandante que, pela minha contabilidade, foi ao balde duas vezes…
Fizemos os últimos exames (de Comunicações, bandeiras e morse), entretanto o tempo, no dia 23, melhorou. Deixou de haver água fechada, estávamos com algum atraso em relação à estima; recuperámos, no entanto, no dia seguinte, onde atingimos velocidades de 10/11 nós.
Dia 20 de Agosto de 1965, sexta-feira
Chegou finalmente o dia da partida para o Continente e logo para a mui Nobre e Inbicta Cidade, carago, com ETA Leixões 26AM.
Apitou à faina às 15h00m, saímos às 15h30m. Nota-se na guarnição e naturalmente nos CR´s a excitação da chegada próxima, com toda a gente a fazer o reset dos respectivos computadores, introduzindo agora os parâmetros da família e das namoradas residentes (como sabemos, houve quem não tivesse feito essa actualização, ficando a funcionar, nos anos que se seguiram, com o software adquirido durante a viagem…).
Recebi, à noite, um NAV do meu pai a dizer-me que estaria à chegada, à espera do navio; foi bom saber, não fui o único a ter esse prazer.
Terminei o dia com um quarto às Comunicações (era certamente uma premonição).
Colaboração do FSLourenço
Dia 19 de Agosto de 1965, quinta-feira
Ginástica, de manhã, no navio, ao mesmo tempo que observávamos o navio inglês “ARKADIA” a fundear.
Antes do almoço, o curso reuniu e decidiu dar volta ao levantamento de licenças; assim, a seguir ao almoço, saímos, o que deixou o ten. RP satisfeitíssimo.
Acabámos por tomar aquela atitude porque, no fundo, apesar de todos os seus pifos, ele não merecia que o rebaixássemos.
Dia 18 de Agosto de 1965, quarta-feira
Dia do passeio pela ilha. Tínhamos decidido não ir, mas o ct. MP obrigou-nos; o ambiente continua um bocado crispado.
Apesar de tudo, o passeio correu bem; almoçámos no hotel Terra Nostra (70$00, bom almoço).
Chegados a bordo, havia licenças antes e depois do jantar, mas só saíram 5; destes, o MS (desta vez, o preto) e o saudoso FP, embora pertencendo ao movimento, foram forçados a sair.
O RP, a viver um período eruptivo, chamou o cadete de serviço e quis a identificação dos que tinham saído; mantém-se o granel.
Depois do jantar (apetecendo muito aos resistentes sair), jogámos umas cartadas; parceiros: eu e o RL contra o SP e o MC(AJ). Como era a 1 cerveja cada 4 jogos e o total foi 6-3, abichei 3 louraças…(obrigado, Augusto).
Colaboração do FSLourenço
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Dia 17 de Agosto de 1965, terça-feira
Atracámos em Ponta Delgada, S. Miguel, às 10h00m. No cais, algumas pessoas à nossa espera, entre elas os pais do CR MS, o da palestra. Pelo que logo pudemos apreciar, de bordo, a cidade é muito bonita.
Hoje houve um granel um pouco mais bichoso; durante o almoço fizemos barulho na coberta e o ten. RP foi lá abaixo. Apanhou o pifo da ordem (esta semana esteve em grande), cancelou-nos as licenças e marcou para as 16h00m uma revista de farda branca e aos armários; lá tive que ir pró livro, cabelo comprido. Mais tarde, levantaram a privação e autorizaram a saída, à noite, de um certo número de CR´s, mas NINGUÉM SAIU; presumimos que este assunto ainda vai ter seguimento, até porque para amanhã está previsto um passeio pela ilha.
Veio a bordo o Amaral, jantou connosco. O CR MS (local) teve 2 dias de licença.
Recebemos também muita correspondência, da Europa e, não menos, da América do Sul…
Colaboração do FSLourenço
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Dia 16 de Agosto de 1965, segunda-feira
Saímos da Horta, rumo a S. Miguel, às 09h30m.
Depois da faina, o ten. RP mandou-me, a mim e ao CF (CF) fazer a carta de tempo, tendo apanhado um pifo por uma razão que não sei qual foi, nem interessa; o importante é perceber que ele, nesta semana que começava, ainda não tinha apanhado nenhum e não podia perder mais tempo.
De tarde, a seguir ao quarto até às 16h00m, o CR MS (o açoriano, não o preto), excepcionalmente acordado a essa hora, fez uma palestra sobre Ponta Delgada, que serviu de aperitivo para o jantar onde, regado a espumante, se comemorou o aniversário do RL, a quem o resto do curso ofereceu um shampoo Old Spice (sim, não íamos oferecer uma porcaria qualquer…)
Colaboração do FSLourenço
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Dia 15 de Agosto de 1965, domingo
Mais um domingo de serviço, desta vez não de escala mas de cuecas desarrumadas. Tocou-me o serviço de Máquinas, assisti à reparação de uma bomba auxiliar do motor pp, o engº embirrou com a minha farda de serviço interno, que estava suja; pois estava, mas a duas semanas de chegar e tendo já dado três voltas naquele saco castanho tropa, tipo cilindro, onde metíamos a roupa suja (muitos de nós tinham a crença de que a sujidade prescrevia ao fim de um mês), o que é que se podia fazer? Enfim, lá ultrapassei a questão como pude.
Os CR´s que não estavam de serviço foram dar um passeio de autocarro pela ilha, chovia torrencialmente. Por mim, passei o resto do dia a ouvir os meus discos brasileiros, sempre fiquei melhor.
Colaboração do FSLourenço
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Dia 14 de Agosto de 1965, sábado
Atracámos na Horta às 10h00m, depois de termos passado, e apreciado, a ilha do Pico, com a sua montanha (do Pico, claro) e o respectivo Pico Pequeno ou Piquinho, a quase 2400m de altitude.
O meu grupo fez a faina no tombadilho, lá operei o cabrestante mais os cabos de amarração, actividade muito mais eficaz que qualquer produto para abrir o apetite.
À hora de almoço recebemos a bordo, com as honras da Ordenança, o Governador Civil da Horta que, por sua vez, ofereceu, ao fim da tarde, um cocktail no Governo Civil. Lamentavelmente, por evidente carência, no evento, de representantes do outro sexo, o feminino (não esquecer que, naqueles recuados tempos, havia apenas dois sexos e não, como agora, uma panóplia infindável de espécimes de difícil caracterização) a coisa não podia ter corrido bem, e não correu; entraram assim em cena o VD e o AB, que deram um verdadeiro show (também contribui humildemente com a construção de um objecto à base de croquetes e palitos de mesa), muito potenciado pelo verdelho do Pico, elemento que só, ou misturado com cerveja, podia muito bem ser usado para dinamitar pedreiras. Dos oficiais, um houve, o ten. CJ, que, solidário com os CR´s desabonados, encetou uma violenta guerra contra os recipientes daquele afamado (abafado?) líquido, o que o deixou algo limitado nos reflexos.
Havia ainda um baile algures, não consegui saber, mas também não dava; recolhi não muito tarde.
Colaboração do FSLourenço
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Dia 13 de Agosto de 1965, sexta-feira
Às 08h00m começámos a avistar as ilhas do grupo Central: primeiro a Graciosa, depois a Terceira, S. Jorge e Pico, sendo o ETA Faial (Horta) 07h00m de amanhã.
De tarde, o ct MP, numa demonstração de que o acompanhamento personalizado (com fixação tipo brylcream) aos formandos (a alguns…) já era preocupação dessa época, chamou-me (o que não aconteceu durante algum tempo, o que me deixava intrigado) para me dizer que achava miserável o 11 que eu tinha tido, tratando de me esclarecer que isso se iria manifestar claramente na minha informação da viagem; na altura, não sei porquê, só me lembrei que faltavam apenas 17 dias para chegar a Lisboa. Quanto ao esclarecimento, se hoje sou um velho, ou sénior, cmg, é certo que houve, pelo menos, um voto contra.
Por esta altura decorria, na então metrópole, a Volta a Portugal em bicicleta, na qual os principais candidatos à vitória eram o Mário Silva (FCP), João Roque (SCP) e o Peixoto Alves (SLB); pelas notícias chegadas a bordo soube que o Mário tinha perdido tempo para os outros dois; esta ocorrência, junto à relatada acima, fez-me concluir, de forma definitiva, que as sextas treze não são comigo.Dia 12 de Agosto de 1965, quinta-feira
Suspendemos às 10h30m, rumo ao Grupo Central. Como estava de quarto, ainda fiz alguma (pouca) navegação costeira.
De tarde, fiz exame (repetição) de Artilharia, com mais dois. Tive 11, o PR 10 e o SS (o oriundo do OC) 9.
À noite, durante o quarto das 20h00 às 22h00m (para mim, Comunicações), deu para confirmar que o ten. VC era um grande praxista…
Colaboração do FSLourenço
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Dia 11 de Agosto de 1965, quarta-feira
Chegámos, finalmente, aos Açores. Durante o quarto das 00h00m às 04h00m, que me tocou, não se avistou qualquer sinal de terra; quando, mais tarde, me levantei, deparei com a ilha das Flores (que logo deu para ver que era muito bonita), onde fundeámos ao fim da manhã e também a do Corvo.
Saí da parte da tarde, logo depois do meu quarto de serviço, até às 16h00m, e fiquei encantado com a ilha – um espectáculo, as grandes ravinas e as gigantescas falésias (a enquadrar o Morro Alto, o ponto de maior altitude, com 914 metros), que impressionam pela grandiosidade e pela dimensão de natureza virgem que delas emana. Mas o que mais me marcou foi o cenário de milhares de hortênsias, de cor azul, claro, que bordejavam as estradas e preenchiam as margens das muitas ribeiras e lagoas. (Nota: isto hoje está um bocado para o poético – deve ser do calor, não liguem).
Nesta data, eclodiu uma praga de uns animais muitíssimo aborrecidos, que afectou a maioria dos que frequentavam assiduamente a praia do castelo…
Recebemos também, para além de muita correspondência, a visita, durante a tarde, do nosso camarada OC Gago Lopes.
Colaboração do FSLourenço
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Dias 3 a 10 de Agosto de 1965, terça-feira
Foi este o período do trânsito para os Açores, grupo ocidental.
A semana decorreu rotineiramente, sem percalços ou episódios de mau tempo. Em paralelo com a actividade de quartos, fomos mandados fazer trabalhos sobre temas que individualmente nos deram; a mim coube elaborar a partir de um artigo de um oficial fuzileiro do US Marine Corps sobre a guerra de guerrilhas (claro que a sólida experiência que obtive com a actividade operacional recente foi a chave para o sucesso do meu trabalho…).
Muita navegação, sempre (com o GPS avariado toda a viagem, foi, e bem, à antiga portuguesa), ele eram as cartas de tempo, a determinação dos erros da giro * , ainda o azimutar das estrelas, etc.
Também por esta altura o nosso ten. RP deu-nos instrução de Radiogoniometria (coisa muito avançada para o tempo…).
Quem, durante estes dias, fez os quartos das 12h00m às 16h00m, tinha, inerente, o encargo de cifrar o PIM, com a HG 1, o que não era fácil.
Talvez por aversão congénita às armas (sim, sempre fui muito mais dos do make love, not war) consegui adiar para a semana seguinte o exame de Armamento: lá pedi aos MP e FS, aceitaram, nem sei como.
As aulas lá iam decorrendo algo penosamente, suavizadas pela qualidade e interesse das do RP; as revistas de L.A., ao navio, também ajudavam a quebrar a rotina.
Os fumadores, horda liderada pelo AA e na qual eu, então, me incluía, lá tinham que ir pedir autorização ao ten. CJ para comprar os respectivos pacotes; fumava nessa altura Kent e Saratoga…
Está previsto avistarmos terra na madrugada/manhã de 11 de Agosto.
Nota*: Atenção, para o pessoal de “certas” classes: não era o erro que era giro, era o erro da giro - espero que tenham percebido.
Colaboração do FSLourenço
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Dia 2 de Agosto de 1965, segunda-feira
Chegou, assim, coincidindo com o início do último mês de viagem, o dia da partida para os Açores. Faina às 10h30m, alguma gente no cais, despedidas longe do calor com sotaque. A seguir à saída, levei, eu, o SC e o SJ, com um quarto à máquina. Depois, reiniciou-se a rotina que nos irá acompanhar durante quase 10 dias e que irá permitir, não só meditar e reflectir, isto seguindo nas águas do Irmão SP, mas também pôr as leituras em dia.
Colaboração do FSLourenço
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