sábado, agosto 14, 2010

Viagem no NE "SAGRES", em 14 de Agosto de 1965

Dia 14 de Agosto de 1965, sábado

Atracámos na Horta às 10h00m, depois de termos passado, e apreciado, a ilha do Pico, com a sua montanha (do Pico, claro) e o respectivo Pico Pequeno ou Piquinho, a quase 2400m de altitude.

O meu grupo fez a faina no tombadilho, lá operei o cabrestante mais os cabos de amarração, actividade muito mais eficaz que qualquer produto para abrir o apetite.

À hora de almoço recebemos a bordo, com as honras da Ordenança, o Governador Civil da Horta que, por sua vez, ofereceu, ao fim da tarde, um cocktail no Governo Civil. Lamentavelmente, por evidente carência, no evento, de representantes do outro sexo, o feminino (não esquecer que, naqueles recuados tempos, havia apenas dois sexos e não, como agora, uma panóplia infindável de espécimes de difícil caracterização) a coisa não podia ter corrido bem, e não correu; entraram assim em cena o VD e o AB, que deram um verdadeiro show (também contribui humildemente com a construção de um objecto à base de croquetes e palitos de mesa), muito potenciado pelo verdelho do Pico, elemento que só, ou misturado com cerveja, podia muito bem ser usado para dinamitar pedreiras. Dos oficiais, um houve, o ten. CJ, que, solidário com os CR´s desabonados, encetou uma violenta guerra contra os recipientes daquele afamado (abafado?) líquido, o que o deixou algo limitado nos reflexos.

Havia ainda um baile algures, não consegui saber, mas também não dava; recolhi não muito tarde.

Colaboração do FSLourenço

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2 comentários:

JPVillas-Boas disse...

O Governador Civil da Horta era então dos mais importantes na hierarquia do Estado já que se tratava de um Distrito Autónomo. Na recepção com que nos obsequiou, recordo dois episódios, o segundo dos quais por modéstia não refiro e surgiu na sequência de uma inspirada conversa que tive com o Sr. Governador Civil, presenciada por camaradas entre os quais o Luís Bilreiro que já mão a pode testemunhar. O outro, muito a propósito das presenças femininas na recepção, na sua maioria da idade das nossas mães ou superior, veio na sequência de uma conversa entre cadetes em que referimos estarmos rodeados de camafeus. Uma das ditas senhoras, de ouvido apurado, convenceu-se que não era delas que falávamos, mas de uns docinhos que estavam espalhados pelas mesas e dos quais muito teríamos gostado. Para nosso espanto passou amiúde a vir ter connosco com os pratinhos dos referidos doces, perguntando-nos com um sorriso amável se não queríamos mais uns camafeus, os quais mesmo não sendo do nosso especial agrado não pudemos recusar.

s.pinho disse...

O baile foi no celebérrimo Clube Amor da Pátria (?), e deu para o torto, por causa das indigenas alguns de nós envolveram-se em timidos confrontos filosóficos com alguns locais, por força das nossas reluzentes fardas brancas ( mais ou menos )que eventualmente terão ofuscado momentâneamente os apetites das moçoilas, condenando assim os jovens faialenses a uma noite de cadeirâme.