terça-feira, março 15, 2011

De Brejos de Azeitão

Ausente por umas horas da sede do blogue, tinha no regresso ao trabalho uma mensagem do nosso correspondente em Brejos de Azeitão, localidade da margem sul do Tejo, com o seguinte teor:

"Para não dar nas vistas e confirmar evento (comprovativo para que depois me paguem) que passo a relatar, mantive-me mergulhado na panela de arroz de lampreia da mesa do lado cerca de noventa minutos, tendo tido necessidade de chamar a atenção dos 4 elementos a fotografar levantando duas vezes a tampa.
Dirigiram-se cerca das 12H30 locais ao Restaurante Pescador para mesa previamente marcada por dois oficiais superiores fuzileiros (Castro e PPona) residentes nas proximidades, quatro vossos camaradas CR, um dos quais residente desde data recente naquela vila. Depois de terem atravessado a estrada junta, vagarosamente fora de qualquer passadeira (inexistente) provocando a paragem do trânsito, um deles, que identifiquei como ex-comandante dum tal corpo de fuzileiros, empunhava o que de início e à distância me pareceu uma arma de defesa pessoal, mas depois confirmei tratar-se duma bengala. Mantiveram-se cerca de duas horas no local em animada conversa e boa disposição, utilizando um deles um vernáculo audível nas proximidades onde apenas registei a presença duma senhora, felizmente surda. Na mesa, em linha com uma opção corrente, apercebi-me de vários linguados, todos fritos com arroz de coentros, tudo regado com o tinto da casa engarrafado. Depois das sobremesas, que dois recusaram sem qualquer justificação analítica, retiraram-se no mesmo ritmo, um tanto rosados pelo Sol radioso da tarde. Seguindo-os discretamente, apurei que foram deixar o camarada a casa, na Rua Amélia Rey Colaço, onde uma jovem que me disseram ser sua nora e arquiteta, o aguardava. Discretamente ainda me mantive mais uns momentos no local, reparando que se despediam efusivamente, mas olhando insistentemente para o chão, esperando talvez ver crescer a relva de que me informei só há dois dias ter sido plantada. No regresso ao local donde estou a enviar este RELIM, encontrei um carteiro meu conhecido que me disse ter sido graças a ele que aqueles senhores encontraram a casa do tal comandante que sabe chamar-se JLAlmeidaViegas."

4 comentários:

s.pinho disse...

Relata o "reporter" que um dos presentes utilizava "um vernáculo".......
Ora a classificação morfossintática de "vernáculo" é : Adjectivo, masculino singular. e significa:Genuíno, correcto e puro. Que mantem a correcção e pureza no falar e no escrever.
Assim, tendo, após aturado esforço de memória, reconhecido o autor da utilização da linguagem vernácula, congratulo-me com o facto de o mesmo ter sido o unico dos convivas a usar tal subida e honrada forma de expressão, simbolo dos intelectos superiores e da suprema idiossincrasia lusitana.
Abemdanaçongue.(isto não é vernáculo, é tripeirice)

JPVillas-Boas disse...

Já reencaminhei o comentário para o correspondente. Ele contrargumentou com considerandos vários sobre a pureza, mas cortei-lhe a palavra. Será razão de despedimento para já, ou aguardamos as normas do Teixeira dos Santos?

Fernando Santos Lourenço disse...

1.Primeira questão, que solicito ao ASP esclaressa (não refilem, está conforme com o novo acordo hortográfico):"Morfossintática", deriva, ou não, do verbo "Morfar"? Se sim, acho muito bem aplicado.
2. O ASP parece o João Gabriel - sempre a pensar nos tripeiros...percebo isso, mas lembro que a inveja e o despeito são coisas muito feias.
3. É só para dizer que foi muito reconfortante para mim saber do ZViegas. Espero que todos possamos contribuir para que ele seja o mais assíduo possível nas comemorações do CR50.

s.pinho disse...

Amigo FSL começo a ficar preocupado com o meu caracter, que afinal, ao fim de 65 anos, desconhecia por completo.
Primeiro, sou acusado de ter "ódio", e agora levo com a "inveja" e o "despeito".
Vou já marcar consulta no psicanalista, e de seguida rumo para um retiro espiritual mortificador, para ver se me salvo.
Estou feito.