domingo, maio 04, 2014

A remodelação da zona ribeirinha de Lisboa (1)

Junto às instalações do ex- Ministério da Marinha, mais tarde e até hoje organismos da Administração Central de Marinha, temos vindo a assistir a uma profunda alteração daquele espaço dando-lhe uma muito maior relação com o Rio Tejo. Edifícios em que muitos CR trabalharam, tomavam refeições e alguns dormiram quando por exemplo faziam serviço no EMA. Já para não falar da Capela de S. Roque onde se realizou a benção das espadas e se assistiram a tantas cerimónias funebres de camaradas, da Sala do Risco local de tantas reuniões e até duma intervenção pós-25 de Abril que ficou memorável! Da relação que se mantem com a ADM, que alguns conservam com a Academia de Marinha e da memória de que por ali se faziam testes-psicotécnicos, se levantava o fardamento e até se faziam compras numa pequena delegação do Super-mercado gerido pela Marinha.
Temos assim acompanhado e apreciado toda a remodelação, só que gostaríamos que nos explicassem a razão deste(s) plano inclinado que corta a visão de parte do edifício que achamos muito interessante e corresponde à sala do almirantado, ao arco para a Praça do Município e à Capela de S. Roque?

Foto de telemovel de JPVB em 04MAI2014 

2 comentários:

fcsilva disse...

Oh meu caríssimo Villas-Boas ,fiquei lisonjeadíssimo ,direi mesmo «derretido» ,com a tua referência a uma tal intervenção na Casa da Balança que teve o mérito de se prestar a mil e uma interpretações !recebe um abraço muito grato do autor

Costa Roque disse...

O(s) plano(s) inclinado(s) sugerem-me imediatamente carreiras de construção. Talvez o arquitecto tenha pretendido deixar a lembrança que ali funcionou um importantíssimo centro de construção naval desde meados do século XV. A Ribeira das Naus foi destruída pelo terremoto de 1755 e o Arsenal de Marinha reconstruído basicamente no mesmo local, a partir de 1759. O local manteve a sua vocação e estava dotado de duas carreiras de construção e no fim do século XVIII tinha igualmente uma doca seca. Entregou a vocação em 1938, quando o Arsenal do Alfeite entrou em laboração, e que viria a ser extinto em 2009, dando lugar ao actual Arsenal do Alfeite, SA.

Por isso o local fotografado é um dos que guarda maior número de recordações ligadas a toda a história marítima. Um local onde a terra se casou, durante séculos, com o mar.