quinta-feira, junho 05, 2014

A Pedra de Dighton - Um projecto em marcha

Após um período de avaliação e discussão, foi encomendado o fabrico de uma réplica da Pedra de Dighton, destinando-se a ser disponibilizada para que Câmara de Tavira a possa expor permanentemente em lugar público, como homenagem aos Corte-Real, e, em particular, a Miguel Corte-Real.
Para que este projecto se possa concretizar ainda falta muito. Mas este primeiro passo é imprescindível e tornou-se possível pelo concurso de muitas boas vontades, das quais referimos a cedência gratuita do molde e a oferta da fabricação e embalagem da réplica, sendo apenas necessário suportar a aquisição de algum material para o efeito. Espera-se que esteja pronto para embarcar dentro de um mês, havendo que, naturalmente, prover o seu transporte até Tavira, estando já em curso diligências nesse sentido.

Um pouco de História

A Pedra de Dighton é de certo modo um enigma histórico. Citando, com a devida vénia, o Livro do Curso Miguel Corte-Real, “[…]na margem esquerda do rio Taunton, perto já da sua foz na baía de Narrangassett, em Berkeley, próximo da cidade de Fall River, na parte sul do Estado de Massachussetts, na região de Nova Inglaterra, existia uma rocha ou pedra de grandes dimensões, que as marés sucessivamente cobriam e descobriam, e que no inverno ficava coberta pelo gelo. Era uma pedra solta no leito do rio, com um peso de cerca de quarenta toneladas, um granito arenoso rico em mica, de cor avermelhada. Sendo uma pedra solta, admite-se que fosse originária do último período glaciar - há cerca de 10000 anos - tendo sido trazida pelos movimentos dos gelos e ficando alojada desde então naquele local.”
Continuando a citação, “[…] no ano de 1918, o norte americano Prof. Edmund Burque Delabarre […] estudou a Pedra de Dighton, como era conhecida, detetando entre a profusão de incisões e pictoramas as inscrições ‘1511’ e ‘MIGUEL CORTEREAL Y DEI HIC DUX IND’. Em 1951, por sua vez, o português Prof. José Dâmaso Fragoso, […] identificou no meio de muitas inscrições, três Cruzes da Ordem de Cristo em ‘V’ e um escudo português em ‘U’. Posteriormente, em 1960, o médico português Dr. Manuel Luciano da Silva, radicado nos Estados Unidos e residente em Bristol, Rhode Island, revelou a descoberta de uma quarta Cruz da Ordem de Cristo.”
O Prof Delabarre formulou uma explicação. Retomemos o Livro do Curso: “Miguel Corte Real, após ter naufragado na foz do rio Taunton, ter-se-ia salvo e teria sido bem acolhido pelos índios Wampanoag, que então viviam nessa região, tendo-se mesmo tornado no seu chefe (dux).”
Esta teoria não é universalmente aceite, existindo uma série de diferentes interpretações e explicações resultantes de inúmeros estudos, sem que nenhuma explicação segura ou que prevaleça sobre as outras possa hoje ser citada.




Apesar da incerteza, a Pedra de Dighton lembra, e é provável que continue a lembrar, Miguel Corte Real, seu irmão Gaspar, e respectivas tripulações, cujos desaparecimentos na costa dos actuais Estados Unidos da América, são, também, enigmas.


1 comentário:

JPVillas-Boas disse...

Caro HCRoque, excelente esta ideia de aqui teres colocado este tema ligado ao nosso patrono, para o CR tão actual(o assunto na pedra em vez duma pedra no assunto.