domingo, setembro 20, 2015

Navios com nome "Corte Real" (1)

CORTE REAL – ex Holandês PEURSUM – longo curso - 1922 – 90m/2.044tb – Carregadores Açoreanos, Ponta Delgada.



O vapor CORTE REAL /(c) foto de autor desconhecido .

12 de Outubro de 1941

Ainda não tinham passado 4 meses do afundamento do Ganda e os nazis tornaram a atacar mais um navio português a 12 de Outubro de 1941.
O Corte Real saíra de Lisboa 5 dias antes da referida data, com rumo a Leixões, Funchal, Nova Iorque, terminando a viagem no Canadá. Pouco depois de sair do porto português, foi sobrevoado por um avião nazi e, mais tarde, foi surpreendido por um submarino da mesma nacionalidade, o U-83, que o obrigou a parar.
O comandante alemão Hans Werner Kraus quis ver a documentação, incluindo a da carga que se destinava ao Canadá, país inimigo da Alemanha, desconfiado que constituía contrabando. Por estas razões, decidiu afundar a embarcação.
Os tripulantes portugueses propuseram, ou regressar a Lisboa, ou a outro porto para se livrarem da carga, ou até deitá-la ao mar ali mesmo. O oficial alemão recusou estas propostas e exigiu o abandono do navio no espaço de 30 minutos; de seguida, torpedeou-o e afundou-o.
As duas baleeiras que recolheram os tripulantes foram rebocadas pelo U-83 durante 20 milhas em direcção à costa portuguesa. A 60 de Cascais, o submarino soltou-as, ficando entregues à sua sorte. De seguida, informou que o governo alemão iria contactar as autoridades portuguesas, para justificar o sucedido e localizar os tripulantes que passaram uma noite ao relento, mas com sorte porque o mar estava calmo e não havia vento. No dia seguinte, o caíque Adeus encontrou-os e ajudou-os a seguir para Cascais, tendo já um hidroavião português a sobrevoá-los.
O torpedeamento do Corte Real felizmente não provocou vítimas, mas causou nos portugueses uma onda de revolta e indignação contra a Alemanha nazi. A comunicação social identificou-a claramente como a causadora do sucedido porque publicou a notícia com todos os pormenores fornecidos pelos próprios náufragos, ao contrário dos 3 primeiros navios afundados: Alpha - 15 de Julho de 1940, Exportador I - 01 de Junho de 1941 e Ganda - 20 de Junho de 1941.

NR: O autor do presente trabalho (de Novembro de 2014), Licínio Ferreira Amador, baseou-se no do mestre em História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Ricardo Daniel Carvalho da Silva.     
O referido docente fez uma comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 21 de Outubro de 2011 subordinada ao título “Navios Portugueses afundados durante a II Guerra Mundial. As perdas de um Neutral”, de onde foram extraídos o tema deste trabalho e o excerto em itálico.


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