sexta-feira, março 11, 2016

Ao Comandante Abel de Oliveira

MUITO OBRIGADO
Eram dias novos, aqueles…em que um Grupo de jovens, animado pela construção de um ideal de vida, então muito despido de condicionantes materiais, iniciava o cumprimento de uma singradura da qual apenas conheciam o ponto de partida, tinham uma ideia romântica, certamente pouco realista, do horizonte longínquo e encaravam, com algum receio esbatido pelo ânimo, determinação e vocação, as derrotas que sucessivamente iriam percorrer ao longo da viagem de uma vida.
Era muito heterogéneo, aquele Grupo. Representava, de certa maneira, a sociedade portuguesa de então, estando nele presentes todos os extractos sociais identificáveis naquela época charneira para Portugal, para a Europa, em geral.
Assim, aquela escola, a nossa Escola, a Escola Naval, imediatamente se prefigurou como, mais do que uma escola em sentido restrito, a Casa de Formação de pessoas que, afirmando o seu carácter e princípios, dela receberam, numa fase da vida fundamental para a construção do ser completo, a orientação e a afirmação dos princípios sociais que a Marinha sempre cultivou – a solidariedade, a camaradagem, a justiça social, a dignidade, a verdade.
Desde cedo, mais para uns do que para outros, os escolhos sucediam-se, o cabo das Tormentas demorava a ser dobrado, o auxílio dos pares era, por vezes, insuficiente.
Mas, naquela Escola, desde muito cedo, nós fomos descobrindo que não só os nossos pais biológicos nos seguiam e se preocupavam connosco. Em situações de mau tempo, por vezes sudoeste rijo, mas também nos períodos de mar chão, um Homem esteve sempre presente, disponível e determinado a apoiar a construção dos seres humanos que viemos a ser.
Esse Homem, com importantes responsabilidades na estrutura formal da Escola, em momento algum se distanciou de nós, transmitindo-nos confiança, exigindo-nos responsabilidade, impondo o cumprimento dos princípios sociais atrás citados.
Esse Homem foi muito importante para todos nós. Foi um de nós, mais velho mas com o mesmo espírito, com a mesma vontade de unir, de dignificar, de honrar a Marinha, de honrar a Pátria.
Esse Homem deixou-nos, agora. Mas apenas fisicamente, porque a sua obra, a sua imagem, o seu percurso, os seus princípios afirmam-se, quiçá mais reforçados, permanecendo como a “medida padrão” de muitos actos de muitos de nós.
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MUITO OBRIGADO, Comandante Abel de Oliveira, até sempre.


NR: Texto do FSLourenço 

1 comentário:

s.pinho disse...

Subscrevo. Eu numa situação muito particular , senti profundam,ente o seu humanismo e sentido fraterno da vida. Saudades.