domingo, outubro 14, 2018

Os Cem Anos do combate do caça-minas "Augusto Castilho" na I GM

Neste dia 14 de Outubro de 2018 comemora-se o 100º aniversário do combate do caça-minas "Augusto de Castilho" contra um submarino alemão.
Em homenagem aos heróicos marinheiros da Sua guarnição, o EFC (CR32) enviou-nos o seguinte texto sobre a efeméride, retirado do que será colocado na secção "Os Anais há 100 anos" do número a editar neste 2º semestre:


  O nº dos Anais do Clube Militar Naval do 2º semestre de 2018 será dedicado à I Grande Guerra Mundial.
  A crónica “Os Anais há 100 anos” não podia ficar à margem da oportuna e louvável iniciativa da Comissão de Redacção.
  Em 14 de Outubro de 1918 aconteceu o combate do caça-minas “Augusto de Castilho” contra um submarino alemão.
  Aqui fica um resumo breve do que virá ao “lume de água” no citado nº dos Anais:

* * *
  O Tomo XLIX – editado em 1918 -  integra um número especial dedicado, em exclusivo, ao combate do caça-minas “Augusto de Castilho” contra um submarino alemão, em 14 de Outubro de 1918. É a merecida homenagem do Clube Militar Naval à pleiade de heroicos e valentes marinheiros, cujo feito jamais se apagará dos anais da Marinha de Guerra Portuguesa.
  Na primeira página está colocada a fotografia do comandante, 1º tenente Carvalho Araujo. Na seguinte, figura a relação dos marinheiros que perderam a vida.


MORTOS PELA PÁTRIA NO HERÓICO COMBATE DO CAÇA-MINAS “AUGUSTO DE CASTILHO”, CONTRA UM SUBMARINO ALEMÃO EM  14 DE OUTUBRO DE 1918:

José Botelho de Carvalho Araujo, 1º tenente, comandante
Carlos Eloy da Mota e Freitas, aspirante de marinha
Elisio Martins Nova, 1º marinheiro telegrafista, nº 6431
Manuel Cruz Branco, 2º marinheiro, 305 A
Manuel Joaquim Oliveira, 2º fogueiro, 443 A
Manuel Tomé, chegador, 499A

 (Nas restantes páginas estão “fundeados” vários textos, entre os quais uma notável narrativa dos incidentes, da autoria de Henrique Lopes de Mendonça).

*   *
O combate do “Augusto Castilho”
(...)
  No desempenho do honroso encargo, navegava o caça-minas pelo Atlântico, na manhã de 14 de Outubro de 1918, comboiando o paquete S. Miguel, que, desarmado, repleto de carga e passageiros, com ele havia partido do Funchal, na ante-véspera ao comêço da noite, com destino a Ponta Delgada. Eram 6 horas (tempo de Greenwich); a atmosfera apresentava-se clara e bonaçosa, e uma vaga curta de nordeste empolava a superfície ungida pelos alvores matinais.
  A situação do comboio, a essa hora, era 35° 30' de latitude Norte por 22° 10' de longitude Oeste de Greenwich.
  O comandante do caça-minas, primeiro tenente José Botelho de Carvalho Araujo, acabava de render no quarto o seu imediato, o guarda-marinha Manuel Armando Ferraz. Eram êles os dois únicos oficiais de navegação, os quais, alternando fatigantes quartos de seis horas, tinham apenas a coadjuvação subalterna de dois aspirantes, alem dos oficiais inferiores de manobra.
  Nada de anormal se avistara até então, Enquanto o imediato, galhardo beirão de 21 anos, em cujos olhos peninsulares radiava inteligência e decisão, descia ao camarote, na lisongeira expectativa de um breve e bem ganho sono, o comandante erguia sobre a ponte a pouco alentada estatura, alongando a vista pelo horizonte límpido.
  Não decorrera um quarto de hora, quando, súbito, um brado da vigia, repetido por dezenas de vozes, levanta a celeuma a bordo:
  -Submarino, submarino!
(…)
  O combate do caça-minas Augusto de Castilho, com todos os incidentes que o acompanharam, ficará de óra avante inscrito nos anais heróicos da marinha portuguesa. Com digna continuação das épicas façanhas que no passado a ilustraram. O nome do tenente Carvalho Araújo, que nobremente sacrificou o seu navio e a sua vida para salvar os haveres e as vidas confiadas à sua guarda, será como um farol de glória que, na constelação esplêndida dos nautas de Portugal, iluminará as futuras gerações de marinheiros. Ele e os seus valorosos camaradas do Augusto de Castilho pertencem à pleiade sublime de que fala o grande épico:
                                    De quem feitos ilustres se souberam,
                                    De quem ficam memórias soberanas,  
                                    De quem se ganha a vida com perdê-la,
                                    Doce fazendo a morte as honras dela.
                                                                                                       Henrique Lopes de Mendonça

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