domingo, maio 05, 2019

O dilema do porco-espinho

Não nos é certamente aplicado, mas aqui vai:
O dilema do porco-espinho
Um número de porcos-espinho(s) ​​se amontoaram buscando calor num dia frio de inverno; mas, quando começaram a se magoar com os seus espinhos, foram obrigados a se afastarem. No entanto, o frio fazia com que voltassem a se reunir, porém, se afastavam novamente. Depois de várias tentativas, perceberam que poderiam manter certa distância uns dos outros sem se dispersarem.
Do mesmo modo, as necessidades sociais, a solidão e a monotonia impulsionam os “homens porcos-espinho(s)” a se reunirem, apenas para se repelirem devido às inúmeras características espinhosas e desagradáveis das suas naturezas. A distância moderada que os homens finalmente descobrem é a condição necessária para que a convivência seja tolerada; é o código de cortesia e boas maneiras. Aqueles que transgridem esse código são duramente advertidos, como se diz em Inglaterra: keep your distance! Com esse arranjo, a necessidade mútua de calor é apenas parcialmente satisfeita, mas pelo menos não se magoam.
Um homem que possui algum calor em si mesmo prefere permanecer afastado, assim ele não precisa ferir outras pessoas e também não é ferido.

3 comentários:

Costa Roque disse...

Mais tarde alguns dos "homens porcos-espinhos", sempre perseguidos pelo frio, descobriram que se se cobrissem com um cobertor conseguiam aprisionar algum do calor que emanava dos seus corpos e assim compensar o afastamento deles, além de evitar perder o calor que tinham e que, por radiação, se perdia para os céus.

Vendo isto, um grupo percebeu que se se abrigasse num buraco de uma rocha também conseguiria uma melhor protecção térmica, e, se assim percebeu, melhor o executou.

Ainda outro grupo, também, imaginosamente conseguiu aprisionar uma chama num graveto que juntou a outros, dando origem ao que hoje chamamos fogueira, e assim passou a poder viver afastado quanto quisesse, mas tinha de todas as manhãs reunir paus e folhas secas suficientes para não deixar a fogueira esmorecer.

Com isso, os grupos inovadores passaram a viver melhor, a ter mais crias, e como consequência, a precisar de mais alimento para sobreviver; o alimento passou a ser a preocupação, esqueceram o problema do calor. E dedicaram-se a obter mais alimento.

Mas os que ainda resolviam o problema do calor gerindo o mútuo afastamento, observando os outros, ficaram invejosos e organizaram sucessivas expedições, roubando os cobertores, expulsando os que viviam nos buracos, deles se apropriando e escravizando os que sabiam dominar o fogo, aproveitando-se do seu saber e iniciativa.

Isso fez com que novos grupos inovassem mais uma vez, passando a usar também marretas, não só gravetos, que utilizavam para malhar nos atacantes quando necessário,...,...

Parece que isto ainda continua, não se sabe o fim, os cronistas estão cépticos.

JPVillas-Boas disse...

Do FCSilva:
Uma brilhante síntese da história da Humanidade !
Parabéns ao Roque , brilhante !

Fernando Santos Lourenço disse...

Diria mesmo mais: Brilhante Pessoa!