terça-feira, janeiro 22, 2008

EMBARCAÇÕES DE RECREIO - IMPOSTO ÚNICO DE CIRCULAÇÃO (IUC)

Tendo conhecimento de vários camaradas que são proprietários de embarcações de recreio, não posso deixar de estranhar que ainda ninguém tenha referido o escandaloso, para não lhe chamar outra coisa, aumento do IUC para esta ano.

De acordo com o Orçamento de Estado para 2008, as embarcações de recreio, como a minha na categoria F (uso particular, mais de 20 kw de potência, registadas após 1986) passam a ser tributadas em função da arqueação e da potência (2,05 euros por kw).

Pelo meu barco, (na foto com o Sá e o Vitorino em postos de faina), com 5,49 mt.s, 1,38 ton.s, 99,36 kw (135 hp) e que só navega em Jul. Ago. e Set. permanecendo em garagem o resto do ano, vinha a pagar 84,96 euros.

Este ano, e de acordo com as novas regras, vou pagar 203,68 euros ou seja 2,4 vezes mais !!

Não tenho conhecimento de nenhum outro imposto que tenha sofrido um aumento deste montante, e também não vi nenhum responsável ou «irresponsável», minimamente preocupado em explicar o porquê.
Tive mesmo grandes dificuldades, por total falta de informação (jornais, sites oficiais etc.), em perceber como é que as Finanças tinham calculado o valor que me vão cobrar.
Se não fosse um pequeno site de um clube náutico, ainda agora estava a fazer contas de cabeça!

Será que mais uma vez prevaleceu o velho complexo de que «quem tem barco é rico» e pode pagar tudo e mais alguma coisa? Se não fosse tão triste até dava vontade de rir.

Como classificar um aumento destes? Imoral? Obsceno? Roubo? Brincadeira?
Confesso que não sei. O que sei é que a revolta é muita e, como diria o Jô Soares, «estão mexendo no meu bolso»...

Um último aviso aos navegantes, o imposto tem que ser pago até ao final de Janeiro e depois, se alguém achar que vale a pena, peça o Livro de Reclamações.
Como ainda estamos num país democrático, a alternativa é não pagar, reclamar e passar a pagar juros de mora!!

A escolha é vossa.. Eu, contrariado, vou pagar amanhã.........


6 comentários:

JPVillas-Boas disse...

Será assim que se reforça o nosso espírito de ligação ao mar? Ou apenas se pensa em como ir ao bolso do contribuinte e reforçar as receitas do Estado?
Talvez se justificassem alternativas para utilizadores sazonais!
Paga mas não deixes de reclamar pois só assim os legisladores, muitos dos quais andam completamente fora das realidades, poderão ser obrigados a rever a situação. Boa sorte.

DuaNun disse...

Espero que com um imposto tão pesado os barcos não afundem.
Já agora porque não trocarmos o nosso Portugal pela Suiça uma vez que nos obrigam a virar as costas
á nossa principal riqueza O MAR.
Ups!! esqueci-me que depois criariam IUC sobre os skis.

Duarte Nuno

JC disse...

É vergonhoso realmente! Irrita-me profundamente que a quantidade enorme de politicos (se é que se podem chamar de alguma coisa) a unica coisa que sabem fazer é inventar novos impostos. Quando não conseguem inventar novos impostos... e porque não duplica-se este, triplica-se aquele!

Perante isto muitos parabéns ao povo português! Só por isso me orgulho em ser portuguê!
Nem toda a gente consegue pagar a quantidade de impostos e treatas que pagamos e conseguirmos sobreviver ao fim de um ano!!

Isto está a cair no ridículo!

Sinceramente estou a pensar em deixar de trabalhar e consecutivamente pagar impostos, vender a casa, arranjar uma barraca... ou esperar que alguma camara me dê alguma casa não sei!

Ainda criticam por o povo português ser um bocado carrancudo e mal disposto! Há razôes para andarmos bem dispostos?

Desculpem o desabafo.... soube ontem que o lindo imposto tinha triplicado! Ainda nem paguei.... é ridículo realmente, nem um aviso, nem nada.... país da treta.... paga e cala....

Crocodilo disse...

Esta é somente uma parte da história. As embarcações com motores de potência inferior a 20 Kw ficaram isentas, ou seja, um vastíssimo número de veleiros deixaram de pagar imposto de circulação (quase todos até aos 33 pés). O meu, por exemplo, pagava cerca de 110 € por ano, e este ano não pagou nada. Camaradas motorizados, deixem de queimar combustíveis fósseis e mudem-se para a vela! É mais limpo, mais silencioso, mais ecológico e, acima de tudo, muito mais desportivo.

Leite disse...

Camarada Crocodilo:
Há cerca de 50 anos que faço vela pelo que não posso aceitar a sua sugestão para exercer uma actividade que sempre me acompanhou ao longo da vida.
Apesar de nos últimos anos também ter aderido à navegação a motor,quem me conhece sabe bem que, ainda nos dias de hoje não rejeito qualquer possibilidade de velejar.
Estou portanto totalmente à vontade para lhe dizer que percebo genéricamente o seu comentário e estou mesmo sinceramente muito satisfeito por os barcos como o seu estarem isentos de qualquer imposto.
Aliás o meu protesto nada tinha a ver com embarcações à vela nem muito menos com a sua isenção, que já era do meu conhecimento.
Já não consigo perceber que o Camarada Crocodilo ache aparentemente muito bem que neste País à beira mar plantado, haja num imposto (tanto quanto sei o único) que, independentemente do seu objecto, tenha subido 140% de um ano para o outro, sem qualquer estudo, justificação, explicação ou eventual período de transição....
Este sim foi o verdadeiro motivo da minha revolta e do meu protesto que tenciono manter «até que a voz me doa».
Até parece que os barcos de recreio a motor são os grandes responsáveis pela poluição dos Oceanos, o aquecimento global do planeta e sei lá mais o quê....
Pondo de parte a hipótese de que «desta vez não estão a mexer no SEU bolso», só consigo entender o seu comentário com base na velha «rivalidade», com os argumentos ecológicos do costume,entre a navegação à vela e a motor.
Como tenho um pé em cada uma, rejeito totalmente tal «rivalidade» e sinto cada vez mais, (mesmo em ambiente de descontraida brincadeira) uma enorme dificuldade em percebê-la.
Quer seja numa embarcação à vela ou numa prancha de windsurf,num barco a motor ou numa mota de água, simplesmente a nadar numa praia ou a pedalar numa «gaivota», ou mesmo num cais com uma cana de pesca na mão, para mim jogam todos na minha equipa que é a equipa do reduzido número de pessoas que compreendem e gostam do MAR e sentem o maior prazer em utilizá-lo para ocupação dos seus tempos livres.
Se o Camarada Crocodilo acha que um aumento de imposto desta natureza, mesmo abrangendo apenas os barcos a motor , vai aumentar o número de pessoas desta equipa está redondamente enganado.
Numa Marinha de Recreio tão pequena para quê inventar divisões??
Camarada Crocodilo.
Cuidado com os caçadores de peles, andam por aí muitos disfarçados de fiscais das Finanças.
Bons Ventos
Leite

Diasdental disse...

Exmos. Senhores
Gabinete do Director Geral
Direcção Geral de Impostos

Exmos. Senhores:

O meu nome é Vitor Dias e sou proprietário de uma embarcação de recreio ( mota de água com o numero de registo 2148LE5) e venho desta forma manifestar a minha indignação com o aumento do Imposto Único de Circulação (IUC) que foi aprovado com o Orçamento de Estado deste ano para as embarcações de recreio.
Se pela mesma embarcação no ano passado paguei cerca de 75€ não se justifica que este ano o valor a pagar seja não o dobro mas sim aproximadamente o Triplo. Sinceramente meus Senhores não encontro nenhuma justificação para esta situação, pois pagamos muito mais e temos cada vez menos direitos, as zonas em que podemos circular são cada vez menos, as rampas de acesso a água são poucas e na maioria dos casos privadas, e as poucas que existem estão em tal mau estado de degradação que não me atrevo sequer a tentar colocar a mota na água.
Assim, meus Senhores pergunto-me se eu tenho o dever de pagar os meus impostos ( mesmo que estes tenham aumentado de forma escandalosa), onde estão os meus direitos???
Sei bem que as minhas palavras serão totalmente ignoradas mas não podia deixar de me manifestar pois por sorte o direito ao manifesto ainda não paga imposto. E daí quem sabe não quero dar ideias ao nosso estimado Eng. José Sócrates que esta sempre a ver onde mais “ meter a mão nos bolsos dos portugueses”.
Caros Senhores não quero fazê-los perder mais tempo com as minhas lamúrias pois sei que são palavras vãs.
Sem outro assunto, obrigada pelos minutos dispensados
Apenas mais tenho a dizer que só podíamos estar em Portugal
Com os maiores cumprimentos