quarta-feira, julho 20, 2022

Encontros do CR: Almoço em 19 de Julho de 2022


O Curso “Corte Real” assinalou, com um encontro, a chegada dos seus integrantes aos 80 anos, efeméride que ocorreu, pela primeira vez, anteontem, sendo protagonista o António José Correia Possidónio Roberto.

O evento realizou-se ontem, 19 de Julho de 2022, no Restaurante do INATEL em Sto. Amaro de Oeiras, local muito interessante, espaço leve, agradável e climatizado, com vista de mar sem paralelo (está localizado no paredão que percorre a praia), beneficiou de um magnífico dia, temperatura amena, ementa muito agradável (buffet) e preço camarada com serviço competente e simpático.

26 CR’s e acompanhantes cumpriram a preceito o programa, tendo deliberado revisitar o local, em momento não muito distante.

 


sexta-feira, julho 01, 2022

Aniversários de elementos do CR: Julho 2022

De acordo com Our World in Data (1) a população mundial em 2040 será de cerca de 9200 milhões de pessoas.  A energia primária global consumida em 2019 foi de cerca de 173300 TWh; um cálculo simples mostra que em 2040 a energia primária necessária para satisfazer as necessidades pode bem vir a ser pelos 230000 TWh.  Em 2000 a percentagem da energia obtida a partir do carvão, petróleo ou gás terá andado à volta de 77%, e em 2020 rondou os 79%, com as consequências ambientais inerentes, entre as quais as devidas à produção de gases com efeito de estufa (GEE), aos quais são atribuídas as alterações climáticas.

A questão de tornar sustentável a poluição mundial é, sem dúvida, um problema com solução não trivial, bastando um olhar para os números, que na sua simplicidade, o mostram. A disponibilidade de energia em quantidades suficientes é básica para as sociedades, a quantidade necessária está em crescendo e as desigualdades no seu uso são muito cavadas. A energia continuará, assim, a ser um produto necessário e procurado, num mercado lucrativo, qualquer que seja a sua origem.

Uma área em que se deposita uma boa dose de esperança para conter a poluição é a das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), nas quais a muito louvada digitalização se baseia. São tecnologias herdando de avanços  técnico-científicos de meados do século passado, que ganharam dinâmica longe das preocupações energéticas. Adquiriram estatuto de factor de progresso, de gerador de emprego, de melhoria dos serviços públicos, de maior produtividade, de expansão de mercados, de inovação e tendo mesmo servido de argumento eleitoral, por exemplo. Alvo de substanciais e lucrativos investimentos, penetraram profundamente nas sociedades e são actualmente mais do que importantes, mesmo imprescindíveis, sendo consideradas como a grande arma para dominar a degradação ambiental, e mesmo condição sine qua non para atingir esse objectivo. Foram, talvez, promovidas a milagre.

Como não há almoços grátis, e, se calhar, também não há milagres, as TIC têm  vantagens, mas também inconvenientes, sendo um deles o apetite por energia; outro é o crescimento que vem sendo observado (e o que se pode prever), estimulado por grandes ganhos obtidos no passado, que, no entanto, inevitavelmente tenderão a não se reproduzir no futuro. Isto é, os ganhos da digitalização, mundialmente considerada, poderão tender a não ser proporcionais aos investimentos nela feitos, correndo o risco de se tornar apenas marginais.

Que impacto será possível avaliar, da digitalização, na energia? Da introdução ao relatório Lean ICT Report (2), tenta-se um resumo e uma tradução:

O contributo da transição digital para o progresso é quase unanimemente considerado decisivo, seja qual for o nível de desenvolvimento da sociedade ou região geográfica onde se situa, sendo o investimento para ela encaminhado visto como fundamental para aumentar o bem estar social, quer pelas organizações geridas pelo estado quer pelas privadas. Mais ainda, cada vez mais se considera que sem a transição digital não será possível controlar as alterações climáticas.
Além disso, aquela transição está intimamente ligada a uma alteração comportamental já claramente observável, como se se verificasse intimidade entre o objecto e o portador: o equipamento digital como uma extensão do próprio indivíduo.
No entanto, os benefícios indirectos são geralmente sobrestimados, principalmente porque não é tido em conta o efeito de ricochete (“rebound efect”), que na transição digital se apresenta com risco elevado podendo levar uma série de efeitos incontrolável.
Ver nas tecnologias da informação algo “limpo” quando contraposto a outras indústrias, e livre de emissões de CO2, não é invulgar, talvez pela sua natureza intangível e miniaturização, gerando nos utilizadores uma percepção incorrecta.

Resumido de Lean ICT Report
The Shift Project, Introdução

Embora a medição dos consumos seja difícil e os valores difiram de estudo para estudo, as estimativas apontam para que o recurso às TIC, originem já mais emissões de CO2 do que a totalidade do tráfego aéreo, talvez mesmo próximo do dobro. Note-se que o Lean ICT Report foi publicado em 2019, isto é, antes de prováveis modificações significativas devidas à COVID19, sendo de esperar um aumento do recurso às TIC. Isto é, a pegada carbónica da digitalização já não pode ser ignorada. E a evolução prevista, mostra o mesmo estudo, é sempre crescente, embora dependente dos cenários estudados; apenas no cenário em que as condições envolvem a capacidade de “controlar as práticas de consumo” é previsível não se verificar crescimento. Isto é, a digitalização corre um elevado risco de vir a ser grande parceira na produção de GEE, a par com outros sectores tradicionalmente considerados mais poluentes.

São múltiplas as razões do crescimento, mas as principais indicadas no relatório são 4: o fenómeno dos telemóveis (“smartphones”), a multiplicação de periféricos (equipamento do dia-a-dia, com capacidade de comunicação com ou sem fios, quer para uso em casa quer ao ar livre), a internet das coisas na indústria (IIoT) e o tráfego de dados (vídeo e imagem associados a uma cada vez maior resolução, fornecimento em fluxo contínuo para “consumo” por medida, maior velocidade). Nenhuma destas razões parece ser boa candidata para diminuir o ritmo de crescimento.  

Uma das componentes do consumo de energia nas TIC é devida à execução dos programas e algoritmos, onde uma estratégia de melhoria também se mostra necessária, sobretudo nos casos dos processos mais exigentes, como por exemplo a inteligência artificial, a “tortura” dos dados volumosos (“big data”), a procura de cripto-moedas, ou simulações complexas.

Alguns números são esmagadores: quase 6 mil milhões de telemóveis sendo a população mundial na ordem dos 7,8 mil milhões (2020), dados transferidos por mês na internet 275 exabytes (2021), estimando-se uns 350 exabytes para 2022 (3), quase 5 mil milhões de pessoas usam a internet em 2022, por exemplo. 

Além dos efeitos no consumo de energia, ainda é de referir o uso de metais, alguns raros, cujo reaproveitamento apresenta dificuldades, e obtenção implica também danos para o ambiente, estando sujeitos a riscos de abastecimento, e pressão sobre os respectivos custos. De referir, igualmente, a reciclagem dos equipamentos em fim de (curta) vida, cuja solução está longe de ser encontrada.

Justifica-se a pergunta “Será a digitalização uma solução ou apenas mais um problema com o qual há que lidar?” Do artigo Our Digital Carbon Footprint (4) extrai-se um resumo e tenta-se a tradução da resposta:

Digitalização - Benção ou Maldição para o ambiente e para a sociedade?
É difícil uma resposta simples, sim ou não, quanto ao valor da digitalização no nosso mundo. A digitalização contribui efectivamente de inúmeras maneiras muito positivas para a sociedade e faz parte dela.
Mas tem fome de energia e gosta muito de matérias primas, algumas raras. Tem grande pegada carbónica, que não vemos, mas que não podemos ignorar, e só será possível atingir a sustentabilidade se aprendermos a usá-la racional e moderadamente. Precisamos de considerar os ciclos de vida completos, continuar a procurar a optimização no consumo e origem da energia e não esquecer alternativas aos grandes nomes do mundo digitalizado que promovam tecnologia que respeite o ambiente e a sociedade.
Precisamos de decisões informadas tendo em conta o ambiente, legislação adequada a nível internacional. Sem acção política esclarecida, consumos e danos ambientais não deixarão de aumentar
Resumido de Our Digital Carbon Footprint

 

Eis a resposta, “Não sabemos”, bem razoável e sensata, dada a dificuldade de opinar sobre o futuro. E também, paradoxalmente, útil, já que dela se infere que pode ser um problema, caso não sejam levadas à prática medidas adequadas, genericamente apontadas; isto é, de facto, estamos perante um “problema” (não necessariamente uma “maldição”).

Talvez não seja desrazoável imaginar que nos 20 anos mais próximos se verificará um aumento do consumo energético mundial, sendo de esperar um acréscimo de oferta com origens menos poluentes, mas que não dispensará o carvão, o gás ou o petróleo. Os GEE continuarão a ser produzidos, e a quota parte devida à digitalização tenderá a crescer.

A não ser que ....

Notas

  1. Our World In Data, https://ourworldindata.org
  2. Lean ICT Report - The Shift Project, https://theshiftproject.org/wp-content/uploads/2019/03/Lean-ICT-Report_The-Shift-Project_2019.pdf
  3. Digitalisation and Energy, https://www.iea.org/reports/digitalisation-and-energy
  4. Our Digital Carbon Footprint: What’s the Environmental Impact of the Online World?, Sarah-Indra Jungblut , https://en.reset.org/our-digital-carbon-footprint


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Como um rastilho a que foi lançado fogo em 24FEV2022, e que termina no paiol da pólvora, nenhum dia passa sem que as circunstâncias em torno da guerra da Ucrânia se vejam ampliadas. Parece que, passo a passo, o conflito se consolida, expande e gera consequências capazes de amplificar ainda mais o seu âmbito, fazendo temer que o desenlace seja mesmo o rastilho levar a chama até ao paiol.

A União Europeia concedeu em tempo recorde o estatuto de candidato à Ucrânia, além de fornecer apoio de todo o tipo, gerando desilusão entre países que já tinham o processo de adesão em curso, possivelmente iniciando um processo que levará a modificações importantes no seu funcionamento.A NATO, na conferência de Madrid, modificou o seu conceito estratégico, vê crescer o número de membros e anunciou o aumento do número de efectivos militares em alerta, declarando a Rússia como principal ameaça; a disponibilidade para o aumento de verbas atribuídas a fins militares em cada um dos países membros consolidu-se. É possível que no segredo se desenvolvam conversações, mas ao público é divulgado o objectivo de só as fazer “em superioridade militar”, ou, dito de outra forma “a haver paz tem de ser nos termos dos ucranianos”. Posições que se explicam pelo desejo de mostrar força dissuasora e unidade perante a agressão da Federação Russa, mas que dificultam o estabelecimento de conversações e revelam aceitação da possibilidade de expansão da guerra.

O comércio mundial, já perturbado como consequência da COVID19, sofreu novo abalo, colocando problemas quer no abastecimento de energia, sobretudo aos países do centro da Europa, quer no abastecimento de cereais, dado que o escoamento através do Mar Negro ficou profundamente afectado pelas operações militares.

Em Sintra, realizou-se, já no fim de Junho, o Fórum do Banco Central Europeu, orientado para as políticas monetárias, onde, entre outras questões, se discutiu a nossa “velha amiga” inflação, entrada pé-ante-pé, como quem não quer a coisa, o que lhe valeu um estatuto de pouca importância, mas que se consolidou e cresce por estes dias, (8,7%, sendo o aumento da energia de 31,7%, dados publicados ontem), ameaçando corroer o poder de compra, cavar desigualdades, arruinar projectos, comprometer investimentos, por exemplo. 

Em Lisboa, também no fim de Junho, teve lugar a 2ª Conferência dos Oceanos da ONU, onde, a par com o desfile de problemas de que sofre o mar, seguem propostas para os minorar, declarações de empenho inquebrantável, propostas de novas explorações “sustentáveis”, olhares espreitando negócios à sombra da "sustentabilidade", palavras de ordem e listas de entidades dedicadas ao assunto, estando prevista para hoje, 1JUL, a assinatura da declaração final do evento.

Em 22MAI comemorou-se mais um dia da Marinha, desta vez em Faro, com a presença da Ministra da Defesa Nacional, e onde o Chefe do Estado Maior da Armada salientou várias iniciativas no campo da formação do pessoal, bem como a criação de uma especialização em Autoridade Marítima e anunciou “um navio completamente inovador, uma plataforma polivalente” que se prevê ser aumentado ao efectivo em 2026, bem como a decisão de construção de mais 6 patrulhas oceânicos.

O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas foi celebrado como habitualmente a 10JUN, em Braga e em outros locais.

Em 29JUN abriu o concurso para admissão de cadetes na Escola Naval, cujo prazo decorre até 26JUL. 

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Mas o objectivo principal desta nota é, acima de tudo, enviar os parabéns aos membros deste curso que  completam mais um ano neste mês de Julho, esperando que as respectivas comemorações se desenrolem sem contrariedades, com alegria e preenchidas em convívio familiar e de amizade. Parabéns, pois, e saudações a todos.

 

07JUL(1944) FILIPE HORÁCIO PEREIRA MACEDO
09JUL(1944) HUMBERTO RAMOS DA COSTA ROQUE
18JUL(1942) ANTÓNIO JOSÉ CORREA POSSIDÓNIO ROBERTO
29JUL(1944) ANTÓNIO MANUEL VARELA MARQUES DE SÁ
 
Recordamos também, com saudade, nas datas dos respectivos nascimentos, camaradas que já não estão entre nós: 
 
Em 03JUL(1945) o MÁRIO ALBERTO DIAS MONTEIRO SANTOS, em
09JUL(1945) o nosso camarada JOSÉ MANUEL BELO VARELA CASTELO e em 25JUL(1945) o JOÃO FURTADO DE AZEVEDO COUTINHO.