sexta-feira, fevereiro 20, 2009

SAGRES - Construindo a Lenda





Durante o tradicional almoço dos antigos comandantes, realizado ontem (18FEV) a bordo da «Sagres», tive o privilégio de receber das mãos do actual comandante, Cap-Frag. Proença Mendes, um exemplar numerado e autigrafado do novo livro do navio - «Sagres-Construindo a Lenda». Para quem não o c0nheça, o António Manuel Gonçalves autor do livro referido é Cap-Ten da classe de Marinha e também historiador. O livro, resultado de um notável trabalho de investigação com mais de dez anos, está dividido em quatro grandes secções. As três primeiras correspondem aos períodos de navegação com as bandeiras da Alemanha, Brasil e Portugal e uma quarta secção com um breve mas muito interessante resumo da história dos outros navios da Marinha Portuguesa que tiveram o nome de «Sagres», bem como dos cinco navios irmãos (Gorch Fock, Horst Vessel, Mircea, Herbert Norkus e o Gorch Fock II).
O lançamento oficial está previsto para o Museu de Marinha nos primeiros dias de Março (?) .Se estiverem interessados em comprá-lo e eu apesar de suspeito recomendo vivamente que o façam, não se atrazem dado que é uma edição limitada.Após uma primeira leitura, não resisto a transcrever a referência que é feita à viagem do Curso Miguel Corte Real:
«1965


Viagem 13


A viagem de instrução dos cadetes do curso Miguel Corte Real (2º ano) teve início no dia 1 de Maio. A caminho do Brasil, a Sagres fez escala no Funchal e Mindelo. Durante a estadia no Mindelo, uma praça foi de urgência operada à apendicite. Resta acrescentar que a intervenção cirúrgica teve lugar a bordo do contra-torpedeiro Lima, sendo ainda de salientar que a sua recuperação foi de tal forma rápida que, dois dias depois, quando o navio largou, o doente já se encontrava a bordo da Sagres em convalescença.
Depois de uma navegação tranquila, o navio entrou à vela no dia 6 de Junho na baía de Guanabara, Rio de Janeiro, atracando no cais da Praça Mauá.
O navio-escola Sagres representava a Marinha Portuguesa nas grandes comemorações do centenário da batalha do Riachuelo (1865), integradas nos festejos do 4º centenário da fundação da cidade do Rio de Janeiro (1565). No dia 10 de Junho, dia de Portugal, uma delegação de oficiais e cadetes da Sagres assistiu à inauguração de uma estátua de D. João VI (1767-1826). No dia seguinte, o Presidente do Brasil, Humberto Alencar de Castelo Branco (1900-1967), embarcado num navio da Marinha Brasileira, passava revista aos navios aí presentes, oriundos de Portugal, Argentina, Chile, Espanha, Inglaterra, Itália e Holanda.



Ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, em visita oficial ao Brasil, e ao Embaixador de Portugal naquele país, foi oferecido um almoço a bordo no dia 13 de Junho. Esta foi a primeira visita qie o navio fez ao Brasil, depois de Portugal ter adquirido o Guanabara.
Conforme planeado, o navio ainda fez escala nos portos de Santos, Salvador e Recife. Neste último porto, teve lugar no dia 5 de Julho uma visita ao cemitério local, com a deposição de uma coroa de flores na campa das vítimas do acidente aéreo de 1 de Novembro de 1961.
Na viagem de regresso a Lisboa, onde chegou no dia 31 de Agosto, o navio-escola Sagres ainda fez escala no Mindelo, no fundeadouro de Santa Cruz das Flores, Horta, Ponta Delgada e Leixões.
Pela sua grande experiência em navios de vela, relativamente aos oficiais a embarcar na Sagres, o Comandante Silva Horta deixou o seguinte comentário no seu relatório sobre esta viagem:

« Com excepção do signatário e do C. S. Máquinas, todos os oficiais eram novos no navio, o que tornava pesada para o comandante a navegação à vela. O facto de terem sido substituídos quase todos os marinheiros de manobra não facilitava a situação de forma alguma. Para um rendimento aceitável do navio, como veleiro e como escola de marinharia, torna-se necessário uma permanência razoável dos oficiais e guarnição, que reputo de três anos no mínim0».

Nota 1: a legenda da foto que ilustra a referência ao CR é a seguinte:
«Acompanhado por alguns cadetes , o Comandante Silva Horta lê no tombadilho um jornal com notícias sobre o Dia de Portugal».
Nota 2: Os CR.S na foto parecem o Monsanto de Campos (é pá aquilo era só cuecas e soutiens !!!!!), o falecido Calhau Feitoria e o Valadas. Acertei???
Nota 3: é claro que o comentário das cuecas e sutiens não consta do livro apresentado..

Rodrigues Leite

3 comentários:

JPVillas-Boas disse...

Desconhecia por completo que se preparava este livro, quando a história recente tem sido tão descurada. Sobre a Nota 2 o MCampos e o CFeitoria estão certos mas ponho as maiores dúvidas sobre o terceiro CR quenão me parece o EValadas.

sandra santos disse...

gostaria de saber onde estara a venda ja pesquisei e nao consigo encontrar.obrigada

Leite disse...

Sandra - por 40 euros pode adquirir o livro na loja anexa à cafetaria do Museu da Marinha em Belém.
Leite