Dia 23 de Maio de 1965, domingo (como em 2010, curiosamente…)
Com o mês de Maio a chegar ao fim, entrámos na penúltima semana de navegação antes da muito sonhada chegada ao Rio (ETA 061100Z JUN, 0800 locais). De manhã fomos, eu e alguns outros, ferrar pano ao grande, situação que inviabilizou a baldeação (coisa mais fatal que o destino…) prevista.
Da parte da tarde o meu grupo continuou nos mastros (12h00 às 16h00), após o que o capelão VAsseca celebrou missa, ainda antes do lanche (mesmo com todos estes cuidados com as nossas jovens almas, a estadia em terras de Vera Cruz viria a revelar-se, para muitos, completamente desastrosa em termos da obtenção e manutenção dos mínimos para garantir, um dia, o acesso àquele Além no qual não será nunca possível encontrar “as meninas boas das famílias más”, ou ainda “as meninas que fazem tudo e que saem com os meninos que não fazem nada”, segundo a terminologia do filósofo clássico Juca Chaves.
Sente-se já o “cheiro” da passagem do Equador (e previsíveis consequências); a banda do navio tocou à tarde e, depois do jantar, foi a vez do RM, que viu a actuação subitamente interrompida por um dilúvio de água salgada, obra de marinheiros com sono e sem ouvido para a música.
Colaboração do FSLourenço
_
1 comentário:
Salvo melhor opinião a afirmação do Juca Chaves, gravada nos discos que alguns então trouxeram, conteria “as meninas boas das famílias más” e “as meninas más das famílias boas”. Discussão que no período actual e na situação em que o País se encontra se releva como da maior importância.
_
Enviar um comentário