quinta-feira, setembro 02, 2021

Há cinquenta e oito anos, neste dia...


Cumprem-se hoje 58 anos que o curso Miguel Corte Real iniciou a sua jornada na Escola Naval. 63 jovens, aos quais 13, que tinham iniciado a mesma jornada um ano antes, mas que não lograram o sucesso académico suficiente para prosseguir, se lhes juntaram.

Que impulso, que desígnio, ambição ou desilusão os levara até ali? Qual fora o seu trajecto na vida, a que famílias pertenciam, de que região provinham? Provavelmente cada um deles teria uma resposta diferente para estas perguntas, eram questões pessoais. E o futuro, como habitualmente, seria também diferente, e sem possibilidade de conhecer. Para a maioria, se não para todos, porém, atrevo-me a dizer, foi uma revolução na vida.

Para marcar a data, palavra à Agenda do Curso, de 2013:

 No cinema, perdemos aquelas partes em que fechamos os olhos. Ao contrário, aqui, a cada apontamento somos impelidos a fechar os olhos para rever as imagens que em nós despertam, os seus antes e os depois, os onde e os quando, num rol de associações sem fim, que recordamos talvez não exactamente como foram mas como hoje são para nós, com a poeira do tempo a realçar aquilo que de bom deles guardamos.

Na sua escrita e, depois, em cada leitura, revivemos, todos e cada um de nós, aquilo que de individual e do colectivo, o Livro inspira e a estória em que ambos se fundem e dão significado. E há, no agregado, um significado que nos transcende e que só é perceptível para aquiles que um dia fizeram uma escolha semelhante à nossa.

Uma escolha que alimenta e mantém os laços que se manifestam nos nossos encontros regulares, em que brincamos aos jovens que fomos, ora sós, ora acompanhados daquelas que connosco partilharam, e partilham, a outra parte não menos importante das nossas vidas.

Encontros em que recordamos os nossos mestres e outros companheiros, e episódios que sempre nos levam de volta ao ponto de partida, quando jovens sonhámos intensamente, não a vida que tivemos mas o sonho dela que nos guiou na nossa escolha.

Aqui, como em outras ocupações, houve alegrias, tristezas, incertezas, momentos de encantamento e outros de desânimo. Mas em lado algum como aqui, é sempre o camarada à nossa esquerda, ou à nossa direita, aquele em quem primeiro pensamos para partilhar alegrias, aferir certezas, e também aquele que primeiro se chegou a nós quando houve que vencer dificuldades.

Tal qual a rebentação que vai e vem, assim no percurso que aqui se recorda, estivemos ora mais próximos ora mais distantes, mas sempre ligados por essa condição única, imaterial, que se entranha em nós para sempre, de sermos do mesmo curso, irmanados no botão de âncora, na condição de militar e pelo mar. O mar que saboreamos com gosto, que aprendemos a respeitar, que nos moldou o carácter e nos deu essa forma única de estar e viver, que só gente do mar conhece e entende.


e

Saibam, camaradas já partidos, que nós, os antigos cadetes do nosso e vosso Curso Miguel Corte Real, continuamos convosco, porque vos guardamos no espírito e doce memória.

Saudações a todos.

7 comentários:

Heinz Val-Faden disse...

Esta mensagem descreve bem o caminho que todos os "filhos da escola" tiveram e recordar ê viver. Saudações navais

Heinz Val-Faden disse...

Esta mensagem descreve bem o caminho que todos os "filhos da escola" tiveram e recordar é viver. Saudações navais

fcsilva disse...


Quem será o HEINZ ?

castro

Heinz Val-Faden disse...

Amigo Castro e Silva Eu não andei na Escola Naval sendo até um lisboeta de gema.. e também antigo velejador.. se tanto teria adorado de o ter feito.Fui amigo de infância do Joaquim Villas-Boas nós andámos na mesma escola e até na mesma turma (Externato dos Maristas) assim como no liceu (Pedro Nunes). Já estou radicado na Alemnaha (filho de pai alemão antigo membro da embaixada alemã e de mãa francesa) desde 1964 já lá vai um longo desterro... ainda tenho família em Lisboa que de vez em quando visito. Eu vim aqui parar a este blogue por pedido do Joaquim pois era eu que tratava das fotografias que ele me mandava para eu as poder reduzir e também melhorar de modo a que ele pudesse as integrar no blogue. Sempre gostei de tudo relativo á Marinha e mesmo depois da trágica morte do Joaquim quiz contudo continuar a seguir e a ler este Blogue isto também como memória pois ainda não me consolei da seu falecimento. Fica assim uma pequena informação sobre a minha pessoa e mando saudações navais desde a Alemanaha

Heinz Val-Faden disse...

Caro amigo Castro e Silva

venho por este modo dar uma pequena informação sobre a minha pessoa .
Sou natural de Lisboa e antigo velejador, e era amigo de infância do Joaquim Villas-Boas nós andámos na mesma escola e até na mesma turma no Externato dos Marista de Lisboa e depois no Liceu Pedro Nunes.
Estou radicado na Alemanha deste 1964 já lá vai um longo desterro, sou filho de pai alemão, antigo membro da embaixada alemã de Lisboa e de mãe francesa e ainda tenho família em Lisboa onde de vez em quando os vou visitar.
Como deve imaginar sempre gostei de tudo o que respeita o mar onde passei grande parte da minha juventude mas infelizmente não tive a oportunidade de ir para a Escola Naval apesar de ter naquela altura também a nacionalidade portuguesa visto ter nascido em Lisboa.
Vim aqui parar ao vosso Blogue por intermédio do Joaquim pois ele sabia que um dos meus passatempos era a fotografia e assim mandava-me sempre as fotos para eu as reduzir no tamanho e também as melhorar de modo que ele pudesse as integrar no Blogue.
Fica assim esta mensagem informativa e mando saudações navais.
Heinz Val-Faden

Costa Roque disse...

Caro Heinz,

O nosso blogue não permite a publicação automática de comentários, configuração que permanece inalterada desde o falecimento do nosso amigo comum Villas-Boas.
Por isso a publicação dos seus comentários acaba por não ser breve, dependendo de aprovação prévia, que pode ser demorada, em virtude de carecer de acesso à área de gestão.
Um pedido de desculpa pelo atraso, assim é devido e penso que explicado.

Dado haver dois comentários seus basicamente com o mesmo tema, não foi possível escolher um deles, tendo tomado a decisão de publicação dos dois, já que, apesar de alguma informação comum, não se sobrepõem completamente, e, da minha experiência isso acontece quando existe uma dúvida relativamente ao envio: nunca somos capazes de escrever exactamente o mesmo...

Não nos conhecemos, mas através do Joaquim sei bem a amizade que vos unia, e isso basta para que sinta grande satisfação e reconhecimento quando encontro as suas palavras.

Costa Roque

Heinz Val-Faden disse...

Obrigado informaçāo.Eu escrevi duas vezes pois da primeira nāo sabia se esta tinha sido enviada..
Desejo uma boa continuaçāo do blogue que é uma boa fonte de informaçāo.