sábado, setembro 13, 2014

Irmandade de São Roque dos Carpinteiros de Machado (2)

IRMANDADE DE SÃO ROQUE DOS CARPINTEIROS DE MACHADO
Brasão - Um escudo bipartido, tendo do lado direito o escudo de Portugal e do lado esquerdo um cão com o pão na boca, olhando para um bordão de peregrino encimado por um chapéu com três conchas e tendo pendente uma cabaça.

CRONOLOGIA
1570 – Constituição da Real Irmandade do Glorioso S. Roque dos Carpinteiros de Machado, fundada por um grupo de Irmãos, que «junto com os seus filhos e parentes da mesma occupação», e tendo pertencido à Confraria de São Roque logo no ano de 1506, acabaram por sair dissidentes, aquando da realização do contrato e da sequente entrega da Ermida de São Roque à Companhia de Jesus, em 1553.
Os Carpinteiros da Ribeira das Naus pedem aos religiosos do Convento do Carmo para aí construírem um altar dedicado a São Roque, o que foi concedido.
O altar foi construído junto à porta da Igreja do Convento, onde «havião dous vãos; hum da parte direita, e outro da esquerda, em que não havião Altares, por lhe ficar junto de encontro a escada, que descia para a mesma Igreja com bastantes degráos, e seria esta a cauza, porque o grande Condestavel naquelles dous vãos não mandou edificar Altares, o que com evidencia se prova, pois se naquelle citio houvesse Capella de outra Imagem, sempre esta se havia de conservar; segundo a forma do costume, no painel do Retabulo, e como a Cappella, que havia naqulle citio, não tinha outro painel, senão o de S. Roque, nem outro Santo de vulto, hé consequência de que a dita Capela foi fabricada de novo para o dito Santo, e que não havia outra naquelle Lugar, que fosse mais antiga (…)» (FREITAS E AZEVEDO, 1781).

1581 - O Compromisso é aprovado em 9 de Dezembro, pelo Arcebispo de Lisboa, D. Jorge de Almeida. O documento estabelecia um conjunto de normas, desde a ajuda aos Irmãos pobres e suas famílias, e aplicar todas as verbas no cofre da Irmandade, para pagar o «resgate dos que fossem Captivos a poder dos Mouros (…)».
Os Irmãos usavam «de vestes, e murças pretas com os seus Capelinhos» e «nas mangas da Crus de acompanhar, e as Murças trazião bordadas as Armas Reas, de cuja demonstração se patenteia ser a dita Irmandade de protecção Real, e de que nunca houve duvida».

1740 – Redacção do COMPROMISSO QUE SE ORDENA PARA MELHOR GOVERNO DA DEVOTÍSSIMA IRMANDADE DO BEMAVENTURADO E GLORIOSO S. ROQUE. SITA NO REAL CONVENTO DE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO, DE LISBOA OCCIDENTAL, NOVAMENTE REFORMADO, E ADDICIONADO NO ANO DE 1740, publicado na Oficina de António Isidoro da Fonseca, no ano de 1760.

1755 – O Convento do Carmo e a Igreja ficam muito danificados na sequência do terramoto. A Irmandade do Glorioso São Roque dos Carpinteiros de Machado perdeu grande parte dos seus bens, tendo apenas recuperado dos escombros «a cabeça da Imagem do Gloriozo S. Roque, com seu Resplendor de prata, que hé a que ainda se venera hoje, pois se lhe mandou fazer um corpo, e acharão dois anjos de madeira, quatro castiçais de prata Lizos, e alguma prata queimada, que pezou duas arrobas, e vinte arráteis,(…)», foi ainda possível recuperar uma imagem pequena de São Roque porque esta se encontrava na «caza do Marques de Abrantes, porque costumavão os Fidalgos nas occaziões de doença mandarem buscar a dita Imagem, pela grande devoção, que tributavão ao mesmo Santo(…)»  (FREITAS E AZEVEDO, 1781).

A Irmandade pede a D. José I autorização para edificar uma Capela dentro da Ribeira das Naus, o que foi autorizado em 1756. Esta Capela de madeira funcionou entre 1756 e 1761, quando foi demolida, sendo então construída «em pedra e cal» a nova Capela dedicada a São Roque.

1777, Maio, 25 – Aprovação do novo Compromisso da Irmandade do Gloriozo São Roque, que se compõem dos Officiaes de Carpinteiro, que trabalham no Arsenal da Ribeira das Náos, que por se consumir o primeiro no incêndio do terramoto de Novembro de 1755, se acha novamente reformado em 25 de Mayo de 1777.

O Compromisso «he composto de vinte e hum Capítulos, no qual se acha na Meza do Dezembargo do paço pêra a sua approvação» (FREITAS E AZEVEDO, 1781)

No Compromisso foram assentes os nomes de 43 Irmãos e mais os seguintes Oficiais da Mesa: Juiz- Pedro de Sousa; Secretário- Julião Pereira de Sá; Tesoureiro- João da Silva Bagunte; Procurador- Francisco Rodrigues Chaves; Primeiro Mordomo- António Gonçalves Bagunte; Segundo Mordomo- João Lopes Alfama; Presi. te de Alfama- Francisco Cardoso Guedes; Pres.te do Bairro Alto- Manuel Fernandes.

1781 – O advogado António de Freitas e Azevedo escreve, a pedido da Mesa da Irmandade, as Memorias
Históricas da Real Irmandade do Gloriozo S. Roque dos Carpinteiros de Machado. Estabelecida na sua 
Capela do Real Arsenal da Rib.ª das Naus.

Este manuscrito é realizado com o propósito de reunir numa nova obra todos os elementos possíveis, quer escritos e orais, da memória histórica da Irmandade, já que grande parte do património documental e artístico se perdeu com a destruição do Convento do Carmo no Terramoto de 1755.

1865 – Redacção do novo Compromisso da Irmandade de S. Roque erecta na sua Ermida no Arsenal da Marinha de Lisboa, impresso em 1870.

1910 – Com a implantação da República cessou o culto na Capela. A Irmandade estava reduzida a 56 Irmãos, na sua maioria operários aposentados.

1913 – Mudança da denominação da Irmandade que é aprovada com os novos Estatutos da Irmandade dos Carpinteiros Navaes, erecta na sua antiga Ermida de S. Roque no Arsenal da Marinha, aprovação pelo Governo Civil de Lisboa em 3 de Abril de 1913. A Irmandade passa a ser uma associação de socorros mútuos, perdendo o seu carácter religioso.

1927 – Em Assembleia-Geral de 24 de Novembro, os corpos gerentes da Irmandade dos Carpinteiros Navais aprovam a fusão da Irmandade com a Caixa de Pensões do Arsenal da Marinha, o que foi publicado no Diário da República de 22 de Junho de 1928, tendo assim sido extinta a Irmandade dos Carpinteiros Navais, sendo autorizado o leilão dos bens.


1929 – De 19 a 21 de Janeiro realiza-se o leilão dos bens sendo alguns incorporados pelo Museu Nacional de Arte Antiga, designadamente: uma cruz do século XVII, Santo Cristo em metal dourado com cruz engastada em madre-pérola, duas cortinas de porta, com as armas bordadas, duas murças de seda preta com ar armas da Irmandade bordadas.

1955 – A Capela foi reaberta ao público, após obras de conservação realizadas pelos operários do Arsenal da Marinha. Neste ano são devolvidas algumas peças de paramentaria (como por ex.: os panos de porta armoriados) que estavam no Museu Nacional de Arte Antiga.
As solenidades são presididas pelo Arcebispo de Mitilene, D. Manuel Trindade Salgueiro.


2011 - Em 21 de Fevereiro esta Irmandade, conjuntamente com a Irmandade da Misericórdia de Lisboa, é integrada, por fusão, (nos termos do Can.121 do Código do Direito Canónico),na Irmandade da Misericórdia e de São Roque de Lisboa, sendo transferido para esta, com todos os seus direitos e obrigações, o património espiritual, cultural, histórico e material da Real Irmandade do Glorioso São Roque dos Carpinteiros de Machado. (Art.1º dos Estatutos e Compromisso da IMSRL).

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