sábado, outubro 18, 2014

Café de balão

Eram ainda oficiais subalternos, embarcados num dos patrulhas da classe "Maio". Ambos entrados em 1963 no CR, um dos quais transitou depois em reforço do HC e já não se encontra entre nós, o JMVCastelo. Decididos a competirem pelo melhor café, compraram um dispositivo idêntico ao junto e foram adquirindo os melhores lotes de Lisboa, lote cardeal da Casa Pereira incluído (passe a publicidade) e outras composições de robusta e arábica das suas autorias. 
Descoberta que a pitada de sal realçava o gosto do café, um ponto favorável a um dos competidores, que o alcool a 95% era o mais adequado para a lamparina, lá foram concorrendo satisfeitíssimos com os resultados das primeiras provas. A confirmação de que a colher de madeira é a única aceitável e que a utilização duma de metal é a morte certa do globo superior, não contavam com a "destreza" do TFD Lima* na limpeza da "máquina". Em duas semanas partiu duas ao lavar! Recomendações várias, mais cuidado, mas numa das semanas seguintes mais uma que foi á vida e a aquisição de nova peça demorava com o navio operacional fora da BNL. Feitas as contas e revisto os ordenados de ambos deu-se por fim à competição. Mas essa aprendizagem foi útil e o sobrevivo pode-se dar ao luxo de ter ainda a funcionar a sua máquina há 45 anos, com uma comissão em Angola de permeio.

Nota*: O Lima, que era um excelente TFD, deve ter sido o marinheiro que mais comissões fez nos Açores nos patrulhas da classe "Maio". Foi passando duns navios para os outros e só regressava de tempos a tempos com o navio ao Continente para se libertar de algum problema de saias.

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