sexta-feira, outubro 19, 2018

CR's em actividade: FSLourenço nos Anais do CMN (4 de 5)

Pareceu-me, aliás, claro, por alguns pormenores que foram deixando escapar durante a reunião, que os israelitas acompanhavam de muito perto a organização dos M.Y.P., quiçá coordenando a estrutura e supervisionando no plano operacional, devendo ter a seu cargo todas as matérias ligadas à segurança da Organização e das suas instalações).
Fui, então, informado que, no dia seguinte, o grupo iria apresentar o processo ao (super) Ministro das Finanças, Informação, Turismo e Economia do Malawi, Alek Banda (que igualmente tutelava os M.Y.P. e não tinha qualquer relação familiar com o Presidente Banda; tinha, sim, uma secretária lindíssima, loura, inglesa), que se encontrava em Rhumpi, uma pequena cidade ainda mais a norte de Mzuzu, junto ao Parque Nacional de NiyKa.
A 26 de Abril, de manhã, saímos de Mzuzu, numa curta viagem por estrada não muito cuidada, tendo-se iniciado, ainda antes do almoço, a reunião com o Ministro, que decorreu em pleno quarto do hotel, em Rhumpi, onde estava alojado, servindo a cama como mesa para apreciação dos documentos utilizados.
Para facilitar a apresentação da minha opção e porque calculava que ela iria ser contestada pelos israelitas, preparei, na noite anterior e com o inestimável apoio do Comandante Dentinho, um documento de duas páginas e, em anexos, esboços figurativos, que li na reunião. Após um debate relativamente vivo, em que houve que defender a essência das posições e responder a inúmeras perguntas, algumas de natureza técnica mais detalhada, e para agradável surpresa minha, o Ministro decidiu-se pela nossa visão, mandando avançar o processo nos moldes em que o propus.
Terminada a reunião, voltámos ainda nesse dia a Blantyre. Jantei com os meus dois interlocutores iniciais, mr. NTaba e mr. Zimba, aproveitando para os esclarecer sobre diversos aspectos inerentes à realidade de uma Base Naval.
Na sequência da decisão do Ministro Banda, houve nova reunião, no dia 27 de Abril, ainda em Blantyre, em que estiveram presentes, além do grupo anterior, mais um arquitecto (mr. Max) e um consultor técnico (mr. T. Miles), os quais me “crivaram” de perguntas, de resposta difícil no momento, com incidência no número e dimensão dos edifícios a integrar a Base Naval (partindo, segundo referiram, do princípio de que ela viria a albergar dez navios com características aproximadas às dos actuais – 17 m., 22 tons., 1,7m de calado –, além de uma força de intervenção estimada em cerca de cem homens). Avancei, no momento, com as indicações que me pareceram possíveis e pertinentes e ficou assente que, no próprio local, se definiriam melhor algumas dessas questões.
No dia seguinte, 28 de Abril, voltámos a Nkhata Bay, tendo os técnicos presentes na reunião do dia anterior podido apreciar as condições geomorfológicas da área seleccionada, identificando as condições para que a Base Naval ali viesse a ser implantada, atentos alguns constrangimentos relevantes, mormente na construção dos dois quebra-mares (de 100 e 50yds) integrantes da solução acolhida, que também previa a construção de uma doca seca ou, em alternativa, um ou mais planos inclinados – solução menos dispendiosa). Durante esta visita, os membros dos M.Y.P. avançaram com a possibilidade da construção, nas proximidades da futura Base, de um complexo aeroportuário básico, para aviões tipo Islander.
Em sequência, ficou acordado que eu apresentaria, via Comandante Ponce Dentinho e num prazo de cerca de duas semanas, um memorandum com a indicação de todas as infraestruturas necessárias, incluindo as características técnicas e dimensões, naturalmente em função dos elementos operacionais que me tinham sido transmitidos; ainda nessa visita ficou alinhavada, em primeira análise, a localização relativa daquelas infraestruturas.

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