SEIS MESES DE GRÁFICOS...
Ao fim de 6 meses de publicação dos gráficos respeitantes à evolução da pandemia de Covid 19 em Portugal Continental, é tempo de fazer um Ponto de Situação e parar, deixando alguns comentários finais.
1 - Taxas do dia 3 de Setembro de 2020 - Portugal
Taxa de incidência - Novos casos/100.000 habitantes/última semana: 23,1
Taxa de incidência - Novos casos/100.000 habitantes/últimos 14 dias: 39,5
Óbitos/milhão habitantes: 178
Taxa de Letalidade: 3,1 %
2 - Notas sobre os gráficos
Nota 1:
Convém verificar a escala de cada gráfico: pode ser logarítmica ou não, pode ter a mesma amplitude da anterior ou não.
Nota 2:
A designação Doentes Activos exprime a quantidade de pessoas ainda doentes em cada momento. É igual ao nº de Casos Totais desde o início da pandemia, subtraído dos que já se curaram (Recuperados) e dos que entretanto faleceram (Óbitos).
Nota 3:
O cálculo do nº de Recuperados segue os critérios estatísticos utilizados pelos países mais avançados, como a Alemanha, que se baseiam nas estatísticas consolidadas: em média um doente recupera entre 15 a 17 dias. O critério burocrático da DGS, que espera pelos registos das recuperações, só nos desfavorece nas comparações internacionais.
3 - Gráficos sobre o ponto da situação da pandemia de Covid-19 nas 5 Regiões NUT do Continente, em 3 de Setembro de 2020.
(Clicar no gráfico para expandir)
Evolução da média de Novos Casos, por 100.000 habitantes, nos últimos 14 dias e na última semana
Evolução dos Internamentos
Nota: Neste gráfico podem verificar-se várias coisas:
1 - Na Região Norte, houve uma primeira vaga de doentes activos, que ultrapassou os 8000 casos, entre Março e Abril. Depois baixou e estabilizou, mas neste momento, em 3 de Setembro, pode estar a perfilar-se uma nova vaga.
2 - Na Região Centro ocorreu, em simultâneo, uma pequena "vaga", que pouco ultrapassou os 2000 casos. Daí por diante a situação ficou contida com sinais claros de estabilidade.
3 - Na Região de Lisboa e Vale do Tejo, ocorreu uma vaga moderada (3000 casos), em simultâneo com as Regiões Norte e Centro, mas que não chegou a estabilizar, tendo ocorrido uma segunda vaga entre Maio e Agosto, com maior significado que a primeira, pois chegou a atingir valores diários de 5428 casos. De momento a situação está estabilizada num patamar ao nível da primeira vaga, e a evolução é incerta.
- Na Região do Alentejo os valores de Doentes Activos, mesmo com os casos dos lares, nunca ultrapassaram os 250, no início de Julho, não podendo, em termos comparativos, falar-se em qualquer vaga. A situação está estabilizada e com tendência para melhorar ainda mais.
- Na Região do Algarve, os valores de Casos Activos, mesmo com as reuniões e festas ilegais, nunca ultrapassaram os 257 casos, nos princípios de Abril e de Junho, não podendo, também, falar-se de vagas. A situação está estabilizada e com tendência para melhorar ainda mais.
Comparação, por Regiões, da evolução da média de Novos Casos/100.000 habitantes nos últimos 14 dias
Comparação, por Regiões, da evolução da média de Novos Casos /100.000 habitantes na última semana
4 - Comentário final
a) Ao fim de 6 meses de estudo e de publicação de gráficos, confirma-se que os valores diários apresentados pelos relatórios da DGS enfermam de um problema que se mantém: invariavelmente, aos fins de semana, são efectuados metade dos testes dos outros dias, conforme se pode comprovar na figura abaixo. Menos testes... menos casos...
Deste facto resulta que ao Domingo e nos primeiros dias da semana, ficamos animados com a evolução da situação, e nos outros dias ficamos preocupados com a evolução da situação...
Só se o número de Novos Casos baixasse a meio da semana, aí sim, poderíamos alegrar-nos... mas de momento não é isso que está a acontecer, antes pelo contrário.
b) A atitude oficial na caracterização situação da nacional tem-se pautado por uma diluição dos dados das regiões em valor médio nacional. Tal facto, parece indicar uma intenção deliberada de "adoçar" os valores nacionais à custa das regiões com melhores resultados. Mas este artifício deixou, a certo ponto, de ter credibilidade, e a situação em cada região passou a relevar, como é justo, para a atribuição dos diversos estados de Calamidade, Contingência e outros.
Apesar disso, embora oralmente se vá falando da diferenciação por região, pouco ou nada aparece transcrito nas comunicações oficiais, oficiosas ou mesmo na comunicação social.
Os gráficos acima apresentados, com a comparação por regiões, devem existir, forçosamente, nas repartições da DGS, mas não aparecem em público. É tudo uma questão de transparência...
1 comentário:
Sei que te dava muito trabalho mas era útil nomeadamente por seres uma entidade independente. É ainda vamos ter que acompanhar este assunto alguns meses.
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