quinta-feira, setembro 01, 2022

Aniversários de elementos do CR: Setembro 2022

Neste Agosto que ontem terminou, o fogo, um fenómeno natural, tornou-se notícia de primeira página ao atacar vários locais do país, entre os quais o Parque Natural da Serra da Estrela, onde o incêndio se instalou durante uma semana, como se, de férias, estivesse a gozar a beleza, a tranquilidade e o famoso queijo, na companhia dos animais de estimação que se dizem da raça com o mesmo nome que a Serra. Claro que uma multidão de quase 1500 operacionais, e muitos meios de combate foram mobilizados para o dominar, e conseguiram-no, mas no final tinham ardido mais de 1750 ha, a destruição atingiu todo o ecosistema do Parque, provocou vários feridos e deslocação de populações. Mas podia ter sido pior, já que o Governo divulgou que estudos e simulações previam, dadas as condições meteorológicas, que a área pudesse ser 30% maior; e rapidamente anunciou um plano de revitalização com condições para atrair mais pessoas, diversificar actividades económicas e apostar no turismo, o que garantirá a presença da actividade económica, que considerou “uma das melhores formas de prevenir incêndios”, apontando para que o Parque Natural fique no futuro “melhor do que estava”. Esperemos que tal plano não venha a encalhar nos recifes onde tantos planos enferrujam e que não fira a característica “natural” da zona.

Prosseguiu a guerra na Ucrânia, onde os avanços militares parecem ter diminuído de amplitude. Nas declarações que têm vindo a público, não é, entretanto, visível, qualquer tentativa ou iniciativa que leve a um cessar fogo e a um transferir do conflito para a mesa das negociações. Cada um dos lados insiste nas suas posições, essencialmente baseadas na força militar, o que não permite optimismos. A União Europeia, em notícia de ontem, 31 de Agosto, irá suspender (ou terminar) o acordo que permitia facilitar a emissão de vistos de circulação na UE aos cidadãos russos.

O custo de vida foi outro assunto dominante durante o mês passado, sabendo-se, da estatística também ontem publicada, que a inflação se situou nos 9%. Mas a maior preocupação fixou-se no custo da energia, que parece não só ter características de instabilidade, mas sobretudo se encontrar em crescendo que alguns observadores classificam de “absurdo”. Além do custo, a própria disponibilidade vê-se ameaçada mercê da dependência de toda a UE (embora com diferenças entre os diversos países) da energia fornecida pela Rússia, agora profundamente afectada na sequência da invasão da Ucrânia, o que trouxe a primeiro plano a necessidade de introduzir medidas de poupança.

A meados do mês foi divulgado um pouco mais de um navio multifunções que a Marinha pretende construir, baseado num conceito a que foi atribuído o qualificativo de “revolucionário”. Trata-se de um navio de deslocamento à volta das 5000 toneladas, que poderá ser empregue em missões militares, de vigilância de extensas áreas no policiamento de “todo o tipo de actividades ilícitas”, em missões científicas e em missões logísticas. Será dotado de três tipos de drones, “mais do que 50 drones armados capazes de voar 24 horas seguidas a uma média de 150 quilómetros por hora [...] aptos para fazer vigilância e defesa, com capacidade de deteção, intersecção e ataque”, e também drones aquáticos e minisubmarinos, que no conjunto tornarão o navio “uma das armas mais letais e com maior alcance das Forças Armadas Portuguesas”. O uso de módulos contribuirá para a alteração funcional, podendo ser “rapidamente alterados conforme a utilização, sem ter de passar meses na doca”.

Na Escola Naval prosseguiu o concurso para admissão de cadetes. De entre 258 candidatos que foram convocados para as Provas Fisicas e de Adaptação ao Meio Aquático, apenas 138 o foram para as Provas de Avaliação Psicológica, Inspeção Médica e Junta de Recrutamento e Classificação. Para a 3ª e última fase do concurso, Verificação de Aptidão Militar Naval foram seleccionados 111 candidatos.

Há muitos anos, em 9 de Março de 1500, uma armada largou de Lisboa, sob o comando de Pedro Álvares Cabral, a 14 estava à vista das Canárias e a 22 ao largo de São Nicolau, no arquipélago de Cabo Verde, tendo-se perdido da armada, na noite seguinte, a nau de Vasco de Ataíde.

E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, [...] os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, e assim mesmo outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam furabuchos.

Nesse mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!

Pero Vaz de Caminha, carta a D. Manuel

Caminha descreve o contacto com as populações durante a estadia dos navios no local e a tomada de decisão do envio da
nova do achamento desta terra a Vossa Alteza pelo navio dos mantimentos, para a melhor mandar descobrir e saber dela mais do que nós podíamos saber, por irmos na nossa viagem.

Idem

Assim decidido, a armada segue a sua missão, e a “nova do achamento” chega a Lisboa. Vera Cruz haveria de ser, em poucos anos, o Brasil.

Pouco mais de 3 séculos depois, a família real portuguesa, perante as ameaças napoleónicas, transfere-se para o Brasil, chegando D. João VI, então ainda regente, ao Rio de Janeiro em Março de 1808 onde permanecerá até 1821, ano em que regressa, por força da situação política, a Portugal.

Mas o Brasil já tinha vida própria e fora elevado a reino em 1815, parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, tendo D. João VI deixado o seu filho D. Pedro como regente do Reino do Brasil. A D. Pedro, herdeiro da coroa portuguesa e príncipe-regente do Reino do Brasil, é exigido, pelas Cortes portuguesas, o regresso a Portugal.

Mas D. Pedro afronta as Cortes, recusa a exigência e a 9 de Janeiro de 1822 (data que ficará conhecida por o “Dia do Fico”) declara a célebre frase 

Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Diga ao povo que fico. 

E, em 7 de Setembro do mesmo ano de 1822, D. Pedro assume a separação definitiva, junto ao rio Ipiranga:

Amigos, as Cortes Portuguesas querem escravizar-nos e perseguir-nos. A partir de hoje as nossas relações estão quebradas. Nenhum vínculo unir-nos mais. Tirem suas braçadeiras soldados. Viva independência, à liberdade e à separação do Brasil. Para o meu sangue, minha honra, meu Deus, eu juro dar ao Brasil a liberdade.

Independência ou morte!

Grito do Ipiranga

Duzentos anos depois, evocamos a famosa data. Parabéns, Brasil

E, igualmente, daqui enviamos os parabéns aos membros deste curso que decidiram que Setembro era (e provavelmente ainda é) um bom mês para nascer:

08SET (1943) Pedro Aires Trigo de Sousa Lencastre
18SET (1945) Carlos Bonina Moreno
25SET (1944) Fernando Ramiro de Medeiros Sousa

A todos um abraço.

E recordaremos também, no dia 3, o Francisco Pina (falecido em 2003), a 17 o Marques Bilreiro (falecido em 2005) e a 25 o Correia Graça, que igualmente já se não encontra entre nós.


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