MUITO OBRIGADO
Eram dias novos, aqueles…em que um
Grupo de jovens, animado pela construção de um ideal de vida, então muito
despido de condicionantes materiais, iniciava o cumprimento de uma singradura
da qual apenas conheciam o ponto de partida, tinham uma ideia romântica,
certamente pouco realista, do horizonte longínquo e encaravam, com algum receio
esbatido pelo ânimo, determinação e vocação, as derrotas que sucessivamente
iriam percorrer ao longo da viagem de uma vida.
Era muito heterogéneo, aquele Grupo.
Representava, de certa maneira, a sociedade portuguesa de então, estando nele
presentes todos os extractos sociais identificáveis naquela época charneira
para Portugal, para a Europa, em geral.
Assim, aquela escola, a nossa
Escola, a Escola Naval, imediatamente se prefigurou como, mais do que uma
escola em sentido restrito, a Casa de Formação de pessoas que, afirmando o seu
carácter e princípios, dela receberam, numa fase da vida fundamental para a
construção do ser completo, a orientação e a afirmação dos princípios sociais
que a Marinha sempre cultivou – a solidariedade, a camaradagem, a justiça
social, a dignidade, a verdade.
Desde cedo, mais para uns do que
para outros, os escolhos sucediam-se, o cabo das Tormentas demorava a ser
dobrado, o auxílio dos pares era, por vezes, insuficiente.
Mas, naquela Escola, desde muito
cedo, nós fomos descobrindo que não só os nossos pais biológicos nos seguiam e
se preocupavam connosco. Em situações de mau tempo, por vezes sudoeste rijo,
mas também nos períodos de mar chão, um Homem esteve sempre presente,
disponível e determinado a apoiar a construção dos seres humanos que viemos a
ser.
Esse Homem, com importantes
responsabilidades na estrutura formal da Escola, em momento algum se distanciou
de nós, transmitindo-nos confiança, exigindo-nos responsabilidade, impondo o
cumprimento dos princípios sociais atrás citados.
Esse Homem foi muito importante para
todos nós. Foi um de nós, mais velho mas com o mesmo espírito, com a mesma
vontade de unir, de dignificar, de honrar a Marinha, de
honrar a Pátria.
Esse Homem deixou-nos, agora. Mas
apenas fisicamente, porque a sua obra, a sua imagem, o seu percurso, os seus
princípios afirmam-se, quiçá mais reforçados, permanecendo como a “medida
padrão” de muitos actos de muitos de nós.
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MUITO OBRIGADO, Comandante Abel de
Oliveira, até sempre.
NR: Texto do FSLourenço
1 comentário:
Subscrevo. Eu numa situação muito particular , senti profundam,ente o seu humanismo e sentido fraterno da vida. Saudades.
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